O circo, o espetáculo moralista,
o sacrifício do bode expiatório,
as grandes convulsões da história, servem as inconfessáveis necessidades
de silenciar o tic tac cósmico…
Estamos, todos, indo
No curso biológico
Comum a todos os corpos
O suicídio de Getúlio
A renúncia de Jânio
O golpe contra Jango
A morte de Tancredo
A deposição de Collor
O processo contra Dilma
Tudo serve ao alarido ensurdecedor
Contudo, o espetáculo falha miseravelmente
em nos levar ao esquecimento
O tic tac, tic tac, tic tac…
Não para, não para, não para
Para quem viu mais crises
Menos cenas restam a ver
No final os primeiros a serem esquecidos
Serão as legiões de espectadores
Hipnotizados diante das telas
de alta definição
Mas o tempo é implacável
Por ele, até os protagonistas,
seus Deuses, suas idéias,
seus sonhos e desilusões serão
perdidos na sequência Infinita dos
Instantes
Façamos nossas lutas
Sem esquecer o quanto somos
Incipientes e insignificantes
Fora do universo conceitual
Dos constructos simbólicos
Que deliramos coletivamente
O planeta, a vida e o universo
Estão muito além de nossa
Auto condescendência.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Belíssimo, Marco!
Estamos ávidos de alguma dose de beleza e nobreza com urgência. Valeu!