A Organização da Rede de Atenção à Saúde
A organização da RAS deve ser realizada de forma efetiva, eficiente e com qualidade, apoiando-se nos fundamentos de economia de escala, disponibilidade de recursos, qualidade e acesso, integração horizontal e vertical, processos de substituição, territórios sanitários e níveis de atenção.
As Redes de Atenção à saúde são organizadas em arranjos produtivos compostos que combinam a concentração de certos serviços com a descentralização de outros. Os serviços que devem ser dispersos são os de menor densidade tecnológica que se beneficiam menos da economia de escala, possuem recursos disponíveis e a distância do serviço é fator fundamental para a acessibilidade (ex: Atenção primária). Os serviços que devem ser concentrados são de maior densidade tecnológica, se beneficiam mais da economia de escala, tem recursos escassos e a distância do serviço tem menor impacto sobre o acesso (ex: Hospitais).
Os fundamentos de economia de escala e qualidade do serviço estão estreitamente interligados, quanto maior for a quantidade do serviço maior será sua qualidade, seja por oferta ou experiência do profissional.
Acesso é o fundamento central da Rede de Atenção à Saúde, demonstra a capacidade de um sistema de atenção à saúde de suprir às necessidades de saúde da população do território sanitário ao qual pertence. A acessibilidade pode ser definidas de várias formas, mas segundo Donabedian (1973) o acesso pode ser dividido em dois tipos: sócio organizacional que compreende as características da oferta de serviços; e a geográfica que se associa ao espaço.
O fundamento de Integração Horizontal compreende-se por unidades produtivas iguais que possuem o objetivo de adensar suas cadeias produtivas e obter ganhos de escala, visando maior eficiência e competitividade. Existem dois tipos de Integração Horizontal: horizontal por fusão e horizontal por aliança estratégica. No caso da Integração Horizontal por Fusão dois hospitais se fundem, somam leitos e diminuem seus custos, já na Integração Horizontal por Aliança Estratégica cada hospital se especializara em algo, eliminando dessa forma a competitividade. A integração Vertical consiste em colocar sob mesma gestão todos os pontos da atenção à saúde.
Na Rede de Atenção à Saúde, as unidades de saúde, equipes e processos podem ser reorganizados para produzirem melhores resultados sanitários e econômicos de acordo com as necessidades de saúde da população, o que consiste no fundamento de Processo de Substituição.
Para garantir o uso racional dos recursos disponíveis, a RAS deve ser dividida em níveis de atenção à saúde, mantendo estes sempre integrados com os territórios de saúde afim de garantir os recursos de saúde necessários para atender a população da área geográfica em que o serviço se encontra.
Por deboraligieri
Olá, Dalila.
Obrigada por trazer esse texto e permitir que eu aprenda junto com você e sua turma, desconhecia muitos dos conceitos que você menciona em sua explicação sobre as redes de atenção à saúde, que parecem ser uma estratégia para efetivação da diretriz constitucional da integralidade do SUS.
Quando você fala em “economia de escala” me vem à cabeça o princípio da eficiência da administração pública, que de certa forma se assemelha à ideia capitalista de produtividade: conseguir mais gastando menos. Mas como conciliar essa eficiência (que pressupõe uso de menos recursos) com qualidade e acesso? Como resolver ou amenizar a tensão entre ideias supostamente contraditórias entre si? E como evitar que a lógica capitalista de reserva máxima de recursos se sobreponha ao direito social à saúde?
Abraços,
Débora