Um Adeus…Um Até Breve

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Caros e caras humanautas

O tempo é um zeloso agricultor que sulca de rugas nossas faces ao mesmo tempo em que rou a energia de nossos corpos, mas nos premia com a luz da experiência.

Já se foram alguns anos sendo uma das formiguinhas que compõem a inteligência coletiva chamada de Rede HumanizaSUS. Tive a alegria e o orgulho de estar com ela desde seus primórdios quando ainda era um sonho movido pela vontade de tornar o SUS  algo cada vez melhor, com muita ousadia, desejo e afeto.

Nesse tempo todo exerci o papel de editor, algumas vezes um anjo invisível que limpava o espaço de spams ou que entrava em contato com alguém sugerindo imagens para um post e que ia compondo uma tessitura com outros editores sobre qual seria a melhor forma de cuidar dos espaços, das pessoas enfim, como ir traçando os complexos e as vezes íngremes caminhos de uma boa curadoria.

Hoje comunico a todos e todas que meu tempo como editor da RHS terminou. Mas vou ficando como um frequentador sempre assíduo desta rede, militando por uma saúde que esteja à altura da dignidade do povo brasileiro e em especial da sua classe trabalhadora. Assim, precisamos estar firmes e fortes.

Estar firme e forte não é meramente um clichê da luta política. Estar firme e forte nos dias atuais é questão de vida ou morte num quadro cada vez mais sombrio onde muitas pessoas, seja por desinformação ou má fé, marcham com uma plataforma essencialmente conservadora que restringe direitos, precariza o trabalho e, no limite, faz até apologia da morte e da tortura como instrumento de luta e de eliminação das diferenças.

Saio do papel de editor com uma riqueza incomensurável feita pelas amizades construídas tanto na equipe de editores quanto muitos companheiros que nunca tive o prazer de conhecer pessoalmente e outros que militavam no dia a dia na Política Nacional de Humanização.

Gosto muito de pensar na RHS como uma ágora, uma enorme praça onde a diversidade tenta conviver. Vou agora para um banco mais ao lado do vendedor de pipocas onde crianças alegremente alimentam pombos e outras maltrapilhas mendigam um trocado.

Vou continuar trazendo minhas contribuições talvez de uma forma diferente, pois o papel de editor confundia-se com o de blogueiro. Agora não mais. Assim, desse momento em diante, tudo o que  escrever não expressa nenhuma nuance de política editorial da Rede HumanizaSUS, tão somente minha opinião de marido da Cecília, pai do Victor e da Carmen, um brasileiro paulista adotado pelo Ceará, Psicólogo e Professor Universitário.

Em tempos em que a morte e a destruição se tornaram recurso tecnocrático e sinônimo de “avanço” político, é preciso mais do que nunca continuar afirmando o humano com base nos constructos que gravitam em torno da ideia do amor. Não é pieguismo ou mero clichê, tão somente um desafio civilizatório que se apresenta a cada nova geração e claudicantemente tem impedido a nossa destruição total. Vale assim lembrar desse poema de Maiakovsky:

 

DEDUÇÃO – Vládimir Maiakóvski

Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

 

 

Um Adeus…um até breve!

ERASMO MIESSA RUIZ