Artes de Viver: A Tenda do Conto (Recordações, Dores e Sensibilidade no Cuidado em Saúde) – Tese
Caros companheiros, caras companheiras da RHS,
O poeta Olívio (um dos primeiros narradores a sentar na cadeira da Tenda do Conto) falava da alegria ao escrever o seu nome pela primeira vez aos 46 anos: “ eram garranchos mal feitos, mas era o meu nome”. Ao levantar da cadeira, retirava do bolso da camisa uma balinha de hortelã e repousava-a sobre a palma da minha mão. Aquele gesto reescrevia as linhas. Seus garranchos viraram poesia. Seu Olívio era mestre na reescrita da vida.
É com essa lembrança e com esse sabor que compartilho o texto final da tese “Artes de Viver: A tenda do Conto (recordações, dores e sensibilidade no cuidado em saúde). O texto é um registro do vivido e tenta demarcar um posicionamento contra o desperdício de experiências.
As Artes de Fazer, Artes de Contar e Artes de Inventar se enredam explorando alguns dos caminhos percorridos durante sete anos de uma prática que, trazendo à luz histórias e saberes de pessoas anônimas, desafia-nos a pensar sobre os nossos modos de cuidar e convoca-nos ao respeito à vida, às singularidades e à ressignificação do trabalho em saúde.
Nas Artes de fazer, a Atenção Básica e as possibilidades de criação; a invenção da Tenda do Conto onde o processo de composição dos objetos, o cenário, a música e percursos da construção da Tenda são desvelados.
Nas Artes de contar, a vida pulsa nas habilidades e na força expressiva das vozes dos narradores, usuários do SUS, estudantes e trabalhadores que participam da experiência. A equipe da Tenda do Conto ganha voz em uma tenda montada para si mesma onde as narrativas mais marcantes, na visão da equipe, são apontadas, e os sentidos que têm para si a experiência são descritos.
Nas Artes de inventar, busca-se desvelar as Tendas que ocorrem em outros territórios: outros cenários e novas composições. A Tenda do Conto ganha visibilidade e conquista espaços na academia, nos fóruns, nos eventos de educação popular e se reinventa em outras regiões do país. Compreendendo que por meio da rede colaborativa HumanizaSUS a prática pôde ser reinventada, são explorados os conteúdos aqui publicados referentes à experiência. Nas Artes de Inventar, a RHS se faz narradora e Tenda abrigando e cuidando dessas histórias.
Enfim, a síntese acima é apenas para sugerir que o texto seja lido livremente sem uma obediência à sequência das páginas. Que seja, quem sabe, reescrito por cada um que o ler! A alegria de compartilhá-lo na RHS vem acompanhada de gratidão e de boas recordações de todos os que construíram essa experiência e têm suas vozes aí registradas. Os que partiram, permanecem; sentam-se na cadeira e se demoram dentro da gente.
A RHS é o nosso “objeto afetivo” mais precioso. Um lugar, assim como a Tenda, sem paredes e sem portas. Não haveria melhor lugar para guardar este registro.
Por Emilia Alves de Sousa
Querida Jacque,
Que alegria acessar a Rede e me deparar com a sua tão desejada e esperada tese sobre a Tenda do Conto. Um espaço vivo, que tem se espraiado por esse país afora, que dá passagem a tantas histórias de vida de pessoas incríveis, encantando, reencantando e produzindo novos significados na produção de saúde.
Vou ler deliciosamente, como quem come um pedaço de chocolate que está chegando ao fim, e não quer que acabe, saboreando com calma cada relato.
Obrigada por compartilhar conosco essa pérola!
Bjs!
Emília