Acerca do Normal e o Patológico de Canguilhem – Um problema contemporâneo
https://drive.google.com/file/d/0B6Dh2r0OH3TiTUZFMElRUy1nMDA/view
12 Comentários
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Nós é que agradecemos o teu comentário e tua presença que sempre irradiam leveza e delicadeza de alma.
Eu fico encantada com a produção lírica de certos médicos como o Benilton. E sempre apaixonada pela delicadeza do olhar de Canguilhem, que, acho, não era médico.
abraSUS!
Por Ricardo Teixeira
Ele, já filósofo, fez medicina, Iza.
Ele fala sobre isso na Introdução do N&P: “Esperávamos da medicina precisamente uma introdução aos problemas humanos concretos”.
Bjs
Bastante oportuno seu post Iza.
Benilton e Canguilhem, uma dupla de peso, hem? A propósito, Canguilhem era sim Médico, além de filósofo, aliás, ele faz da atenção em Saúde quase que uma arte, neste sentido, era também artista.
Normal e patológico é mesmo um bom questionamento do contemporâneo e muitas vezes ser anormal é apenas receber um estigma do pensamento hegemônico, se seguirmos Foucault. Nos passos de Canguilhem estas categorias se embaralham no conceito da vida como a capacidade de ser normativa e, assim, aonde vemos normalidade pode haver uma baita doença e, por outro lado, a doença passa a ser um acidente da vida e o doente não vive de doença, mas vive sua normatividade apesar dela e em meio a ela, sendo a capacidade de normatizar o que determina seu grau de saúde.
Enfim, para puxar seu último gancho, “abusar de si e de sua saúde” é quase que uma ordem de comando do sistema capitalista atual, quando o poder invade a vida e o trabalho ganha uma extensão inimaginável com sua exigência de ser imaterial. Abusar da saúde, certamente, faz parte da própria saúde, mas se isto é normal ou patolófgico teríamos que utilizar Canguilhem. Até onde este abuso é normativo ou é normótico, para além de normal?
Reflexões imperiosas que você nos traz.
Beijos.
Oi querido interlocutor,
Gostei também de saber que Benilton não se deixa levar por supostas objetividades. Aliás, me faz lembrar de Nelson Rodrigues e de seu personagem ou tipo, o “idiota da objetividade”.
As hoje famosas pesquisas da medicina baseada em evidências podem ter algum valor, mas em saúde mental são extremamente danosas ao se servirem demasiadamente das estatísticas sem nenhuma análise crítica.
Diz Benilton:
Por patrinutri
Arriscaria dizer que a diferença entre o normal e o patológico é, na sociedade atual, regida pela capacidade produtiva, em detrimento dos sentimentos humanos e o desejo de vida.
De algum modo, ao mesmo tempo que vejo a capacidade de superação do ser humano, mesmo diante das mais adversas situações, me pergunto se o sistema também não acaba por gerar uma necessidade produtiva em seres que deveriam estar na sociedade para acionar em nós a solidariedade. Sei que isto pode ser controverso, mas em alguns momentos fico me perguntando que as pessoas que vivem de um modo diferente do que é encarado como um padrão de normalidade, tem mesmo que se “superar” e adequar-se a sistema produtivo?
Ao mesmo tempo vejo o quanto isto provoca nas pessoas uma felicidade por estarem integrados. Então deveria ser mais este o parãmetro, te faz feliz?
Não sei se fui clara no meu comentário… acho que eu mesma estou incerta sobre isso.
Mas muito bom este conteúdo, Iza obrigada por compartilhar.
Bjs Pat
Claro, Pat, mas precisamos pensar em que capacidade produtiva é essa. Ser e sentir-se produtivo é sinal de saúde desde que a produção seja para todos. Desde que se redefina a produção em parâmetros solidários. E que se redefina a própria produção.
Por deboraligieri
Iza e Pat
Vocês me fizeram pensar em sociedade saudável, como a que contribui para que os cidadãos possam ter algum controle ou influência sobre a sua própria produção, com possibilidade (ou autonomia) de optar por abusar ou não da própria força de trabalho (que normalmente beneficia outros que dela abusam). Assim pensando, poderíamos chamar de patológico o sistema de produção capitalista, que nos subtrai a capacidade de normatização de nosso próprio trabalho?
Com toda a certeza, Débora!
Com outras palavras, o roubo de nossas potências por um modo de vida como o capitalista é produtor de muita patologia. A produção não é de todos para todos, mas da maioria para poucos.
Uma bela fala de Peter Pelbart sobre o assunto está no post “Viver não é sobreviver”.
https://redehumanizasus.net/63635-viver-nao-e-sobreviver-para-alem-da-vida-aprisionada-segunda-parte
beijos
AbraSUS!
Qual a fronteira entre o normal, o anormal e o patológico? Será todo anormal um patológico? Para Canguilhen, estar dentro dos limites da normalidade nem sempre é garantia de saúde: a ausência de desvios pode esconder na verdade uma incapacidade de fazer frente a exigências da vida e uma recusa ou impossibilidade de se expor a elas.”
Por exemplo, nem sempre a boa forma física é sinônimo de saúde. Uma pessoa aparentemente magra pode esconder um índice elevado de colesterol, enquanto que um obeso pode estar saudável.
E se é difícil estabelecer um limite entre o normal e o patológico nos plano físico e mental, imagine no social! Vivemos num mundo pluricultural e é sabido que a cultura influencia os modos de vida das pessoas. Então, se ser normal é adotar uma postura assumida pela maioria, fica difícil mensurar o que é normal entre pessoas de culturas diferentes. O que pode ser normal aqui pode ser considerado anormal lá, e ou vice-versa.
Um artigo magnífico que todos deveriam ler, sobretudo os profissionais da saúde, para uma melhor análise\avaliação do que a priori é visto como “doença” para evitar procedimentos\tratamentos desnecessários.
Valeu Iza pelo compartilhamento!
Bjs!
Emília
Que bela postagem Maria Luiza, me fez refletir sobre o nosso cotidiano do trabalho em Saúde Mental.
Olá Sueli,
Seja bem-vinda a muitas outras reflexões que esta rede nos convida sempre! Ficamos muito alegres com cada chegada por aqui pois a riqueza da RHS cresce a olhos vistos.
Você poderia trazer um pouco deste teu cotidiano para trocarmos idéias?
Eu trabalho no Hospital do Servidor Público Municipal como psicóloga também, com crianças, adolescentes e suas famílias e tenho publicado a experiência da clínica. Se quiser dar uma passeada pelos posts, basta acessar o blog ou procurar por Maria Luiza Carrilho Sardenberg ou Iza Sardenberg.
AbraSUS!
Por Marcia Moraes
Destacando três passagens…
(a doença) é reação generalizada com intenção de cura
uma experiência de inovação positiva do ser vivo
Não existe uma patologia dos astros, ainda que exista a extinçnao de estrelas…
Obrigada, Iza, por ter engrandecido a minha manhã!