UMA HISTÓRIA DE FORMAÇÃO DE VÍNCULO PACIENTE/PROFISSIONAL NO SUS

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Todos os dias surgem pacientes novos em nosso ambiente de trabalho e em nossas vidas. Há uns três anos tratei de um senhor, cuja situação de saúde estava bem delicada, ele estava traqueostomizado, prestes a encarar uma quimioterapia e tinha indicação de extrações dentárias múltiplas. Tentei ser o mais delicada possível e cuidei de atendê-lo com brevidade, dando todas as orientações possíveis.

O paciente reagiu bem aos procedimentos, e um liame foi formado com a profissional em questão, ora pois, comigo. 

Sempre perguntava a  sua Agente Comunitária de Saúde pelo seu quadro e me satisfazia com a resposta positiva que vinha dela.

Surpreendi-me quando ela me levantou algumas situações : O referido paciente dizia ter me visto em todos os hospitais que passou, afirmando veementemente que facilitei todos os seus exames e consultas. Não adiantou que ela falasse a verdade. Ele continuou insistindo que eu o auxiliava sempre.

Alguma tempo depois um pedido de visita domiciliar me chega. Era o paciente dizendo-se moribundo e pedindo que eu o visitasse antes da sua passagem. 

Imediatamente agendei a visita. Na casa do senhor Antônio (é esse o seu nome), encontrei muitas plantas, muita alegria e um semblante nada derrotado. Ele levantou-se e correu ao meu encontro muito animado. Perguntei-me : Onde está o moribundo?

Conversamos bastante e reservadamente ele me chamou pra me entregar algo. Fez um enorme mistério.

Acompanhei-o até o jardim e lá ele me pediu que pegasse um pezinho de Alecrim, dizendo era presente.

O que teria aquele Alecrim? Indaguei.

Li muito sobre a planta e seus benefícios. O alecrim é alegria, uma planta mística capaz de espantar muitos males, inclusive o famoso “olho gordo”.

Sinto-me protegida e alegre com a planta, com o vínculo formado, com os pacientes que se tornam amigos, com o bem que fiz ao Sr. Antônio, com um SUS transformador em muitas vidas.

Obrigada Sr. Antônio!