TRAPAÇA

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Trapaça

Elaine Perez

Prosa com Cazuza

 

Acabou o jogo!

Como acabou, se você continua jogando?

Você caiu, tropeçou, despencou.

Me encontro em pé

e preparado para retomar meu lugar no jogo.

Engano seu, sua hora chegou.

Qual foi meu erro?

Você infringiu as regras.

Como infringi se entramos juntos no jogo?

Aos inimigos não há perdão.

Como inimigos, se fazemos parte do mesmo time?

Meu time é dos vencedores.

Pois bem, só entrei no jogo porque

venci nos votos.

Você só pôde jogar porque eu entrei.

Ironia do destino, seu corpo já está sendo velado.

Me encontro vivo e

ciente das estratégias dos nossos adversários.

Devolva-me o lugar de direito.

De fato você morreu!

Agora esse é o meu lugar.

Aos perdedores resta a fome dos leões.

Não perdi, você me empurrou para fora.

Consta nas regras que aos aliados

temos o dever de servirmos de alavanca.

Já não pertencemos aos mesmos interesses.

Como assim, não vê que o tabuleiro se infestou de ratos.

Isso é trapaça!

Você é um rato?

Preciso seguir agora para a base aérea.

Tenho a posse!

“Mas se você achar

Que eu tô derrotado

Saiba que ainda estão rolando os dados

Porque o tempo, o tempo não para…”