TEMPO DE NASCER
Tempo de nascer
Contrações impulsionadas por Nilton Bonder e Jorge Larrosa
Elaine Perez
Tá estreito aqui.
Mas não era o lugar mais incrível para se viver?
Quentinho, acolhedor, nutritivo e protegido?
Era, mas ficou estreito, apertado, limitado.
Não nos esqueçamos que, o que hoje está estreito,
um dia não o foi.
Tudo bem, agora tudo se contrai aqui, tenho que sair.
Quero a amplidão!
Sabes que tens que sair?
Sei.
Precisa seguir!
Para onde? Só conheço esse lugar.
Confia e segue!
Pelo molhado sua alma te guiará ao seco.
E se eu ficar aqui?
Empacado?
Eu me aperto, me diminuo.
Sabes que tens que sair?
Sei…
E se eu lutar para ficar aqui,
esticar, empurrar, esmurrar?
O estreito jamais voltará a ser amplo.
Desconheces a força da contração?
Sabes viver na seca,
a partir do lado de dentro?
A estreiteza não é externa.
Sua alma e seu corpo sabem que tem que sair?
Sabem.
E se eu me jogar? Com certeza sairei dessas águas.
No desespero?
Desse desespero resignado,
não voltarás a essa estreiteza,
porém não atingirás um novo lugar amplo.
Sabes que é preciso coragem,
alma e corpo juntos nesse impulso?
Estou percebendo.
Já sei e se eu ficar orando?
Sua alma está compassiva ao seu corpo?
Esse novo , continuará velho e disfarçará sua estreiteza.
Quer a amplidão ou a estreiteza?
Amplidão!
Então tem que seguir.
Olha e vê o que tem fora.
Fica na margem e contempla o horizonte.
Tem vida a espera da minha novidade.
E assim, o corpo nu se entrega a avassaladora
e mágica força do nascimento.
Metamorfose renovadora de um verdadeiro início.