Comunicação e Direito à Saúde foram temas do III Fórum de Humanização do HGV

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Comunicação e Direito à Saúde foram temas do III Fórum de Humanização do HGV

O III Fórum de Humanização do Hospital Getúlio Vargas(HGV), com o Tema “O papel da Comunicação na Humanização da Atenção à Saúde: 10 anos de Ouvidoria do HGV”, teve como objetivo discutir o papel e influência da comunicação no atendimento em saúde e na construção de um Sistema Único de Saúde humanizado em consonância com a Política Nacional de Humanização.  

O Fórum aconteceu no dia 3 de novembro e, logo pela manhã, os profissionais de diversas áreas, deram as mãos para abraçar o Hospital Getúlio Vargas, com a participação de outros órgãos como Hospital Infantil, Natan Portella e Hemopi. Para a diretora geral do HGV, Clara Leal, a ação tem o significado simbólico de acolher o SUS e o HGV. “O abraço significa os avanços que conquistamos nas ações de humanização no hospital, como a garantia dos direitos do paciente como a ampliação do direito ao acompanhante para todos; o acolhimento ao paciente e a família, a melhoria do acesso á informação e a garantia de um atendimento com qualidade e segurança”, destaca a diretora.

Segundo o presidente do Colegiado Gestor do HGV, o psicólogo Werne Costa, o Fórum foi importante para discutir, além dos direitos do paciente como o acesso à informação, com a escuta qualificada através da Ouvidoria, também a atenção à saúde como direito de cidadania.

Como parte da programação, o médico, Armando Antônio De Negri Filho, doutor em Ciências pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo-SP ministrou a palestra sobre “ Atenção à Saúde é um direito do Cidadão”. De Negri explicou que o usuário deve conhecer seus direitos para poder reivindicar uma saúde de qualidade. Na ocasião, ele destacou também a importância do trabalho em rede integrada para superar a crise da superlotação nos hospitais.

Segundo De Negri, à saúde é um direito inerente ao ser humano. “E por isso, direito à saúde é um debate político.  Ele cita a Proposta de Emenda Constitucional(PEC) 241 como uma proposta que viola os direitos adquiridos através da Constituição de 1988. “O que está sendo proposto no Brasil é uma anulação dos direitos sociais no país. Este é um momento de debate, mas não só teórico e sim prático. Discutir direitos neste momento, é necessário abordar o momento político que estamos vivendo. Não dar para falar de humanização,  sem falar em direitos de cidadania”, destaca De Negri.

Para o médico e consultor de Organizações Sociais com amplo conhecimento no funcionamento de Sistemas de Saúde e seguridade social, Armando De Negri, explica que a construção de direitos no Brasil foi muito polêmica . “E hoje estamos correndo o risco de perder os que já garantimos. O debate deve ser no campo prático, pensando o sistema numa outra perspectiva, este momento, não deve ser entendido como um fracasso do Sistema, mas como uma etapa a ser vencida e a ser construída em outra perspectiva”.

Para ele, a questão do direito é uma questão da consciência sobre eles. “Não tenho dúvida que para mudar isso, é uma questão de construir uma consciência na população sobre os direitos de cidadania.
“Se não formos capaz de criar uma consciência ativa sobre isso, com espaço de discussão nos hospitais, nos setores sobre os direitos, não vamos conseguir evoluir”, acrescenta o médico.

Durante sua fala, ele abordou a importância do trabalho integrado em rede. “Em relação aos hospitais de base como o HGV, referência no Sistema de Saúde, a discussão deve ser em rede” , explica. Segundo De Negri, o grande desafio nesses hospitais, é atender as pessoas no tempo clinicamente correto. “Isso traz uma enorme diferença em termos de custos para o sistema.  Hoje o Sistema tem uma pressão não somente de volume, mas de atender em tempo adequado”, destaca.

Para Armando De Negri, o HGV como hospital de base, a sua inserção no sistema acontece de forma diferente e por isso, deve ser feito um amplo debate sobre a oferta hospitalar com outras unidades. “Primeiro entender como funciona o sistema, depois entender a estrutura de outras unidades e tornar-se um hospital colaborativo, com uma linha de cuidado articulada. Ele aponta como caminho as redes assistenciais integradas. “Apostar no diálogo com outras unidades e trabalhar sistemicamente”, finaliza.