RELAÇÃO ENTRE CALÇADAS MAL CONSERVADAS E INCIDÊNCIA DE QUEDAS DOS IDOSOS.

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É inevitável a associação dos elevados índices de quedas dos idosos, vitimados pelos muitos buracos, desníveis, degraus, postes, andaimes, etc., presentes nas calçadas dos municípios brasileiros, com o aumento injustificável e prejudicial das despesas hospitalares pagas pelo Erário. Uma contradição em tempos de crise do financiamento público. Quando gestores públicos têm de economizar até no essencial, admitir gastos com acidentes previsíveis implica, no mínimo, concordar ser desonrado com certificado de reprovação pública, emitido pela camada pensante da população.  Isso mesmo, gestores desatentos para com o que se estampam aos seus olhos, como potenciais riscos à vida e a saúde, com graves comprometimentos da integridade física, mental e emocional das pessoas idosas, causando-lhes incapacidades temporárias ou definitivas.

Constrangem-nos as frequentes notícias de idosos que sofrem quedas ao circular pelas calçadas das cidade brasileiras, não apenas pelo fato de representar objeto de domínio público, cujos riscos amplamente divulgados através de campanhas veiculadas pelo Ministério da Saúde, mas, sobretudo, pela indiferença como os casos são tratados por quem de competência. Por mais bizarro que possa parecer, há quem culpe a vítima pela ousadia de colocar em prática direito fundamental de cidadania, como o de ir e vir.

Desconsideram a natural fragilidade óssea dos idosos vulneráveis, posto que, uma queda pode resultar em fraturas, lesão muscular, articular, entre outros danos corporais. A depender da extensão e incapacidades, poderá requer internação hospitalar, com despesas decorrentes da necessidade de procedimentos cirúrgicos, internação em unidades de cuidados de média e alta complexidade. Soma-se a isso, elevado consumo de materiais, cuidados e assistência profissional especializada, além de despesas com manutenção de cuidador domiciliar de idosos, em médio ou longo prazos.

No contexto familiar, altera subitamente as rotinas dos parentes mais próximos e pessoas significativas, implicando envolvimentos diretos e/ou indiretos com cuidados, gastos e atenção para com o idoso dependente. Não raros abandonos ocorrem por parte de ente familiar de primeiro grau, gerando sobrecarga aos que permanecem na dianteira junto aos plantões hospitalares e no acompanhamento tardio, após alta e retorno para casa. Muitas histórias de famílias desintegradas, nos momentos inadiáveis de divisão de tarefas, despesas e responsabilidades para manter padrão de bem cuidar do idoso que sofreu queda. São dispensáveis consultas às bases de dados para se certificar, basta olhar no próprio núcleo familiar, nos arredores e vizinhanças.

Como esperança é a última a morrer, a iminente posse dos futuros vereadores nas cidades brasileiras, pode mudar essa realidade. Digo vereadores porque representam a classe política atuante nas cidades, onde as pessoas residem e sofrem quedas decorrentes do péssimo estado de manutenção das suas calçadas. Basta Projeto de Lei Municipal, concedendo incentivo em redução nas taxas de IPTU para que proprietários mantenham lineares as calçadas dos imóveis sob suas responsabilidades. As cidades se tornarão acessíveis para todos, e o Erário disponível será melhor aplicado, inclusive, na promoção da qualidade de vida dos milhões de idosos brasileiros.

Wiliam Machado