Experiência na Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso
O modelo tradicional de assistência à saúde tem como foco a doença, de forma que não considera o paciente como sujeito ativo de seu próprio tratamento, portador de uma história, cultura e qualidade de vida. À luz dos avanços do SUS, foi percebida, ao longo dos anos, a necessidade de mudanças nas políticas de saúde e a proposta de um cuidado que tem como base a integralidade da atenção e a humanização da assistência.
A Humanização, a partir da Política Nacional de Humanização, se dá através de uma troca de saberes entre equipes multiprofissionais, considerando a identificação das necessidades, desejos e interesses dos envolvidos, do reconhecimento de gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde, e da criação de redes solidárias e interativas, participativas e protagonistas do SUS. No que refere ao ambiente hospitalar, a humanização é voltada para o processo de educação permanente e treinamento dos profissionais de saúde, bem como para intervenções estruturais que façam a experiência da hospitalização ser mais confortável para o paciente (MOTA et al., 2006).
Muitas ações voltadas para humanização do ambiente hospitalar são realizadas em todo território nacional, porém ainda podem ser consideradas pontuais. A partir da experiência enquanto residente multiprofissional inserida em um hospital universitário, é percebida ainda a humanização como uma prática tímida, e desse modo, o usuário, muitas vezes, ainda é visto como um objeto de estudo, bem como, as profissões se relacionam de maneira verticalizada. Essa realidade influencia a nossa prática enquanto residente multiprofissional no sentido de reduzir o campo de atividades integradas realizadas pelas equipes de referência, haja vista que cada profissional acaba ficando imerso na rotina do serviço do setor.
Desse modo, pensando em estratégias para fortalecimento da atuação das equipes multiprofissionais na Residência, pode-se citar o Projeto Terapêutico Singular (PTS). De forma geral, o PTS é compreendido como uma estratégia de cuidado organizada por meio de ações articuladas desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar e definida a partir da singularidade do indivíduo, considerando suas necessidades e o contexto social em que está inserido (BOCCARDO et al., 2011). A terapêutica então proposta vai além da medicalização, considerando possibilidades como educação em saúde, apoio psicossocial e escuta qualificada, conduzida por uma perspectiva interdisciplinar que recolhe a contribuição de várias especialidades e de distintas profissões (PINTO et al., 2011). Por isso, considero aqui a importância dque o PTS pode vir a ser um meio de fortalecimento da equipe multiprofissional, na medida em que propõe a horizontalização dos profissionais e saberes e a disponibilidade em promover o cuidado em conjunto. Além disso, considerando o contexto da residência em que grande parte dos residentes estão vivenciando sua primeira experiência profissional, o aprendizado em relação a elaboração de um PTS torna-se um diferencial para esse profissional em formação.
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Mariana,
Muito pertinentes as suas reflexões. Em que pese a prioridade da humanização da atenção e gestão em saúde, em muitos contextos, o processo ainda se dá de forma pontual. E um dos grandes desafios é colocar em prática a proposta da Clínica Ampliada com o Projeto Terapêutico Singular. Ainda é forte a resistência de alguns profissionais em lidar com usuários buscando a sua participação e autonomia no tratamento, valorizando os seus saberes, o diálogo interativo, e a abordagem multiprofissional. É sabido o quanto esses dispositivos são importantes para a resolutividade do tratamento do sujeito.
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Compartilho aqui um link com vários tutoriais sobre as funcionalidades da rede.
https://redehumanizasus.net/ajuda
AbraSUS!
Emília