COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS E SABERES SOBRE A VISITA DOMICILIAR

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Boa tarde! Me chamo Aline, sou residente do programa de Residência Multiprofisisonal em Saúde do adulto e do idoso, do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). Durante os dois anos de experiência na residência, passamos por cinco cenários de práticas diferentes. Entre os cenários, seis meses são destinados à prática na atenção básica. Nesse cenário entrei em contato, pela primeira vez, com a prática das visitas domiciliares e é sobre ela que pretendo realizar uma breve discussão nesse post.

De acordo com Amaro (2014) a visita domiciliar é uma técnica social, a partir da qual o profissional se debruça sobre a realidade e que tem como instrumento a casa ou local de domicilio do sujeito. Para não se transformar em uma simples atividade de campo, requer a condução a partir de um modo técnico e cientifico, com rigor metodológico, a fim de que não se perca o caráter estratégico na construção do conhecimento sobre a realidade. Desta forma, a visita tem que ser realizada de modo agradável, simples e prático, sem com isso perder o objetivo da visita (AMARO, 2014).

Nas experiências que pude ter em relação às visitas domiciliares, as mesmas foram realizadas de maneira multiprofissional, geralmente destinada aos pacientes que estavam requisitando maior atenção e cuidados. Foi possível experimentar o estreitamento dos vínculos, modificações no comportamento dos usuários e uma melhora em sua saúde física e mental. A proposta é uma melhoria na qualidade de vida, escuta ativa e acolhimento de qualidade.

O profissional que visita precisa estar atento, observar os detalhes do que é dito e do que não é dito, atentar-se aos hábitos do sujeito sem comprometer sua privacidade e intimidade, manter sempre o sigilo e buscar escutá-lo nas dificuldades, longe de qualquer julgamento.

De acordo com Amaro (2014) o objetivo do profissional ao visitar é conhecer a vida daquele que está sendo visitado, suas dificuldades, percursos sociais e a partir daí pensar em estratégias de superação. Ao ler isso, pensei na importância da visita enquanto instrumento facilitador do Projeto Terapêutico Singular (PTS), onde a partir da vivência da visita os profissionais, juntamente com o usuário e seus familiares, podem pensar em estratégias para melhorar sua condição física, psíquica ou social. Qualquer profissional pode (e deve) se habilitar para realizar a visita, tendo sempre em vista a demanda do sujeito.

Para complementar o conhecimento, o Ministério da Saúde disponibiliza o Caderno de Atenção Domiciliar, que explica os procedimentos desse trabalho e serve como instrumento facilitador nesse processo. No caderno consta uma introdução em que cita que atualmente, no Brasil, ainda se predomina o modelo hospitalocêntrico, centrado no saber médico, fragmentado, biologicista e mecanicista. As visitas aparecem também como estratégia de romper com esse modelo, propondo a autonomia e o empoderamento de todos os envolvidos, incluindo os pacientes e seus familiares. 

Nas visitas domiciliares envolvem-se questões de cuidado, confiança e afeto. Não deixaríamos um estranho entrar em nossa casa, portanto, temos que nos apresentar bem e mostrar nossos objetivos antes de entrar na casa de alguém

Através da experiência da visita domiciliar foi possível criar laços e acompanhar de perto a melhora de alguns usuários. É possível vivenciar juntos deles as dificuldades e êxitos nessa trajetória, oferecer espaços de escuta, de troca, momentos de descontração e lazer, buscar articulações com a rede e, de maneira geral, promover uma melhora na qualidade de vida daqueles que abriram as portas para nós.