Há pouco mais de um ano, nós da Residência Multiprofissional do HU/UFGD/EBSERH de Dourados MS, tivemos a oportunidade de conhecer as ESF’s Indígenas da nossa região, como faz parte do programa da residencia o rodizio nas areas que sao comuns a nossa especialização.
Em uma de nossas ações, fomos convidados a ir a casa de uma puerpera, que recentemente na internação do parto, foi diagnosticada com DM. Essa ate então não estava sabendo de como sua vida e rotina passaria a ser diferente desde a concepção da criança. Um dia entra pela porta da maternidade para dar a luz ao filho esperado em outro dia, sai pela porta da maternidade com a noticia de que teria que adequar sua dieta que ja e restrita pelas condições sociais, a restringi-la mais ainda, por conta da enfermidade que tera que aprender a conviver.
No começo ficamos sem saber por onde começar, e com algumas informações que conseguimos com o AIS ( Agente Indigena de Saude) foi possivel traçar um linha a qual poderiamos seguir.
Partimos do ponto de que teríamos que estabelecer um vinculo maior ainda entre ela e a ESF a qual era cadastrada, não abrindo mão do acolhimento e a escuta inicial, realizada pela psicologa da nossa equipe. O segundo passo foi criar uma orientação nutricional baseada em seu diagnostico e que condizesse com sua realidade e condições financeiras. E por ultimo mas não o menos importante, uma orientação a familia e a paciente do uso da insulina regular pela paciente.
Foi desafiador, mas com o auxilio da equipe de saude e do AIS, conseguimos encontrar a puerpera, realizar a escuta inicial, que foram identificados muitas demandas de nivel social e psicologicos, e foram dados encaminhamentos para que os mesmos fossem resolvidos pela equipe local. Na parte nutricional, ficou claro que, não pra nossa surpressa, mas como muitos de nos brancos, ou Karaís comumente dito por eles, as duvidas e ideias de restriçoes alimentares, são identicas as nossas. A nutricionista conseguiu abordar de uma forma simples, toda a familia que seria envolvida no processo do cuidado com a puerpera. Pra nossa alegria , esse “PTS” teve tudo pra dar certo, pelo grau de instruçãos e alfabetização de alguns membros da familia. A enfermagem ficou respossavel, por matriciar o marido, e a irmã para a administração da insulina, em alguns minutos e o material necessario, conseguimos ensinar a familia sobre o acondicionamento da insulina, o rodizio de locais de aplicação, e a dose em cada horario, o desafio foi deixar nossa liguagem tecnisista e partir para a liguagem popular sem abandonar a eficacia terapeutica da medicação associada aos novos habitos.
Confiamos que a equipe e o AIS, estao fazendo um otimo trabalho de continuação, é possivel sim, passar o nosso conhecimento para que o proprio individuo seja capaz de realizar o autocuidado com qualidade. A partir do momento que entendemos que saude não se faz apenas no ambiente hospitalar ou nas unidades, e que ela existe tambem no territorio e na maneira que o individuo vive na sua comunidade.
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Mateus,
Lindo trabalho multi e transdisciplinar, o que reafirma a importância da Clínica Ampliada e o PTS no cuidado em saúde. O trabalho em saúde feito dessa forma, discutido, compartilhado, valorizando o protagonismo e a participação, não só do usuário mas também da família, a resolutividade do tratamento é infinitamente maior do que uma abordagem individual e fragmentada.
A sua experiência com essa usuária indígena me fez lembrar uma visita realizada à uma aldeia indígena em Barra do Corda (Maranhão), por ocasião da implementação, no hospital onde trabalho, do projeto “Rede no Berço: acolhendo as diferenças culturais”, que compartilho aqui!
https://redehumanizasus.net/4189-rede-no-berco-acolhendo-as-diferencas-culturais
AbraSUS!
Emília