Travessias de Humanização na Saúde Mental: Tecendo Redes, Formando Apoiadores.
A Resenha critica escolhida foi do artigo “ Travessias de humanização na saúde mental: Tecendo redes, formando apoiadores. ” De Vania Roseli Correa de Mello e Simone Manieri Paulon. Resultado de pesquisa- intervenção.
O artigo relata a experiência de pesquisa e de intervenção elaborada e cartografada nas diferentes realidades dos municípios do RGSul, sobre política de saúde mental com ênfase na reforma psiquiátrica e Política Nacional de Humanização, lança desafios e construções de possibilidades e roda de discussões. Esta experiência viabiliza projetos que ligam as políticas no fazer saúde e conexões entre os saberes transversal, interdisciplinar, multidisciplinar e multifacetado, pautados pelo ideário da flexibilidade, autonomia, liberdade, compreensão do outro, inclusão dos diferentes, as experiências e vivencias do cotidiano e suas implicações na produção de saúde mental bem como suas deficiências no ato de cuidar e promover o ser social.
Os princípios de universalidade, equidade e integralidade, requisitos base na atenção à saúde pública e privada, implica num sistema que garanta bens e serviços de forma integral, com imparcialidade, manifesto senso de justiça e respeito à igualdade de direitos. Estes princípios abrange a comunicação entre usuários, gestores, família e trabalhadores, construindo processos coletivos de enfrentamento das dificuldades em uma dimensão ética no fazer saúde, garantidos pela política do SUS e em conformidade com as alterações e reformas psiquiátricas, pautados em uma política de humanização.
A criação de links nas esferas pertinentes aos princípios norteadores do “ saber” e “fazer” percorrendo teias, estabelecendo condutas coerentes no âmbito das propostas lançadas e reflexão da relação de poder e conhecimento, como forma de controle social nas instituições, nos dá os acordes da sinfonia saúde-doença que vem sendo delineada desde de, e a partir da reestruturação das políticas públicas e do esvaziamento de atenção desencadeando o enfraquecimento das mudanças necessárias na gestão.
A dimensão subjetiva de saúde, ligando conhecimento com práxis, devem estar a “pari passu” com a formação acadêmica inclusiva e coerente com as demandas existentes; “aprender-fazendo”, “formar-servindo”; transformar- atuando, transcendendo o conceito de saúde-doença -sintoma ,em conceito-experiencia para efetivar o ensino aprendizado.
A autonomia e empoderamento individual e coletivo fazem parte da caminhada do fazer diferente. (Será quer a rede de saúde mental está preparado para acolher um sujeito esclarecido apropriado das informações pertinentes a sua saude mental?) O abismo entre a teoria e pratica no compartilhamento de responsabilidades e demandas na saúde mental, e o saber clinico , consolida um processo reformista e de grandes transformações na humanização da saúde mental. Mobilizar a capacidade criativa, de “ver”e “cuidar” o “sujeito” que está ancorado no medo e desconfiança, sem bases teoricas e sem um norte simplesmente – catalogar para conhecer- transformar esse fazer saude de forma mais segura, generosa e afetuosa e de reconhecimento, de um ser visto até então assujeitado e invisível.
O germe potencial das políticas de saúde e de humanização e reforma psiquiátricas, que buscam a compreensão do “estar doente” substituindo a ideia fixa do “ser doente”, foram lançadas, é preciso criar terreno fértil para tais mudanças com alteridade e multiplicação de saberes, rodas de diálogos, pesquisas e intervenções, mudanças de paradigmas no quesito saúde-doença fazendo a diferença na tratativa do sujeito.
A responsabilidade com a formação acadêmica, construção de práticas de emancipação estimulando autonomia e conhecimento, a descentralização ( hierarquização, que ainda fazem parte de algumas práticas), precisam ser transformada para o êxito das questões pilares, a construção efetiva da ponte entre o “saber” e o “fazer” nas políticas de saúde pública mental , só será possivel se for mais humanizada e tratada com um olhar afetivo e de reconhecimento onde : ” O olhar que emitimos ao outro e esse se reconhece como tal, forma subjetividades e realidades.
Por Marcelo das Neves Cardoso
Bastante importante essa ideia de dar autonomia ao sujeito. Na verdade, quanto mais os indivíduos são empoderados de autonomia, mais se ve futuro. As pessoas precisam participar ativamente, para desenvolver uma rede saudável, como a do SUS. Com isso, quanto mais conhecimento, criatividade e participação de todos, a rede ficará melhor e mais desenvolvida.