Racismo, um preconceito que gera desigualdade. Este foi o mote da discussão mediada pela Mauricélia Vieira, assistente social e ativista do movimento em defesa dos negros, na roda de discussão realizada no dia 03 (quarta-feira), tendo como público alvo os pais acompanhantes das crianças internadas no HILP, e os profissionais.
Seria possível termos todas as crianças livres dos efeitos da discriminação?
A ativista falou do racismo e da importância da criação de uma cultura de respeito das diferenças na infância, na perspectiva de cultivar igualdade. Refletiu sobre o impacto do racismo na vida de quem sofre. Falou dos preconceitos sofridos na adolescência por ser negra. Desde jovem se engajou nos movimentos em defesa da causa dos negros no estado do Piauí. Em 2015, na solenidade de sua formatura em Serviço Social, pela UFPI, surpreendeu, lindamente, os participantes, usando um turbante no lugar do tradicional chapéu de formatura, como uma forma de atrair o olhar da sociedade para a importância da valorização e respeito do negro.
Pontuou as 10 maneiras de contribuir para uma infância sem racismo, que vem sendo defendidas na campanha da UNICEF contra o impacto do racismo na infância.
1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias;
2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isto acontecer.
3. Não classifique o outro pela cor da pele, o essencial você ainda não viu. Lembre-se, racismo é crime.
4. Se seu filho ou filha for discriminado, abrace-o, apóie-o. Toda criança tem direito de crescer sem discriminação.
5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas Delegacias de Proteção da infância e da adolescência.
6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro cugar.
7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.
8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial.
9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade.
10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra, e como enfrentar o racismo.
Durante ao longo do debate, alguns participantes deram depoimentos sobre experiências racistas vivenciadas no meio em que vivem. O Senhor Francisco das Chagas destacou o preconceito sofrido no trabalho. Ressaltou que ao concorrer algumas vagas de emprego percebeu que a preferência era pelas pessoas de cor branca.
“Cada um de nós pode unir os princípios da não discriminação defendidos pela Convenção dos Direitos da Criança e lutar pela afirmação da identidade e da garantia dos direitos de todos. Enfrentar o racismo e promover a diversidade é o papel de cada um de nós” (Campanha do UNICEF).
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Mais amor e menos julgamento!