Não há como valorizar os servidores públicos num contexto de destruição do estado de proteção e bem-estar social. O governo Marchezan, em Porto Alegre, está usando o argumento de que os indicadores sociais, como o IDEB demonstram uma suposta ineficiência da rede municipal de ensino.
É exatamente o contrário.
O nível educacional tem as características de uma superfície elástica. Os determinantes sociais, quando positivos, atuam como fatores que mantém a homogeneidade da tensão e o nível da do território educacional elevado e estável.
Quando promove-se o desmonte das políticas de assistência social e de distribuição de renda, os determinantes do padrão educacional atuam como pontos de densidade que fazem a superfície do nível educacional colapsar. Aumentando o desemprego, a miséria e violência urbana, mesmo com as escolas funcionando na plenitude da estrutura e com todas as equipes completas, a qualidade da educação necessariamente cairá.
Assim, o argumento rasteiro, de que a violência na periferia decorre da ineficiência dos professores da rede municipal, não é apenas ridículo. Esse argumento está invertido.
Ao propor absurdos, como a terceirização das escolas, alegando que se gasta muito com educação para um IDEB baixo o prefeito e seu secretário agravam o mal que dizem querer resolver.
Um exemplo é o desemprego causado pela demissão dos porteiros das Unidades Básicas de Saúde.
Muitos desses trabalhadores são pais de alunos da rede e estudantes do noturno. O prefeito foi até às comunidades, num episódio canhestro, propor uma escolha de Sofia. As comunidades deveriam escolher ter médicos ou porteiros. Ora, como a saúde nas comunidades pode melhorar com a extinção de postos de trabalho no setor de saúde?
Esse tipo de política neoliberal é que impacta o IDEB nas comunidades de Porto Alegre.
Não nos iludamos. O objetivo é sucatear a rede, acabar com a carreira pública de professor, ao custo de agravar a miséria, a desigualdade social e seguir com o genocídio dos pobres.
Por Colegiado Gestor do HILP
Lamentável a redução das políticas públicas sem a preocupação de uma análise responsável do impacto dos cortes para a vida da sociedade. Se querem fazer cortes que ouçam primeiro a população para definição das prioridades e ajustes necessários.
Saúde e educação são direitos fundamentais e exigem compromisso com responsabilidade dos gestores.