Felicidades

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As palavras, segundo José Saramago, são mal ditas, não malditas como poderia se entender apressadamente. São, apenas, mal faladas para os que as acolhem como ouvintes ou leitores. Há sempre um ruido que distorce a mensagem e dá uma margem a interpretação subjetiva do receptor.

Os males humanos podem todos se dever aos desacordos e mal entendidos suscitados de palavras mal ditas. Mensagens mal recebidas.

A linguagem é o solo de onde brotam os seres humanos. Ainda que exista um mundo fora das nossas representações, sem elas não temos condições de ser humanos. A linguagem, presente na vida animal e vegetal, para nós tem um significado que por vezes supera os fatos e os reedifica segundo nossos meros pontos de vista.

Porém em momentos como a páscoa ou o natal, de alguma forma nossos espíritos ocidentais fazem o sentidos convergirem para além da linguagem e o bem de que falamos supera nossas representações. O bem que impulsiona nossos contatos, ainda que imanente, transcende nossas perspectivas, pontos de vista, ideologias e preconceitos. Nestes momentos desejamos ao próximo o mesmo bem que almejamos para nós. Somos tomados de um sentimento de solidariedade existencial e dizemos:

– Muitas felicidades.

Assim, em coro com os que conseguem viver o hoje como se ele fosse retornar eternamente, desejo a todos uma feliz páscoa. Que voltemos renovados.

Um grande abraço!