Que humanização do SUS o Brasil tem feito?
Encontro com coordenações de todo o Brasil promove integração e debate
Cerca de 80 representantes de secretarias estaduais e secretarias municipais de saúde das capitais estiveram nos dias 14 e 15 de abril em Brasília para apresentar a situação atual da Política Nacional de Humanização nesses espaços. Os convidados foram selecionados por ser referência em humanização em suas secretarias.
No primeiro dia do evento, foram mapeadas as ações de humanização de cada região do país, desenvolvidas pelas secretarias de saúde. Na região sul, por exemplo, há apoio à constituição de redes entre os serviços de saúde, e um forte movimento de sensibilização e difusão das ações de humanização. Os representantes da região norte, por sua vez, destacaram a articulação das ações em saúde do trabalhador e os processos de formação na região.
A partir dessa exposição das agendas de trabalho em humanização, o consultor da PNH responsável pela Frente de Planejamento, Monitoramento e Avaliação, Tadeu de Paula, trabalhou com os participantes na identificação dessas atividades dentro de diferentes eixos de intervenção, como apoio a rede hospitalar, rede básica, entre outros. Foram questionados alguns pontos como as ações que estão sendo desenvolvidas ou previstas e as principais dificuldades. A forma de representação da PNH nas secretarias e o estreitamento da relação do Ministério da Saúde com esses espaços também vieram à tona.
O encontro também colocou em análise as ações apresentadas, enfatizando que a humanização não é feita através de prescrições ou portarias para aplicação de inovações em saúde, pois elas nascem da construção coletiva. “Os dispositivos da PNH devem resultar de conversas e acertos, não com dia marcado mas por um processo que vai alterando a rotina de trabalho e os processos de trabalho gradativamente,” afirma o coordenador da PNH, Dário Pasche.
Política do SUS
De acordo com o consultor da PNH Ricardo Sparapan Pena, a humanização busca cada vez mais ser representativa nos espaços das secretarias de saúde, funcionando de modo articulado com os coletivos estaduais e municipais, afirmando o caráter de política do SUS. “A PNH não existe separada do SUS, nem vem para complementar o SUS, mas é política do SUS” afirma o psicólogo. E, segundo ele, a expectativa do evento foi atendida. “A PNH olhou para o seu método e colocou-o em análise, coletivamente”.
Para a consultora da PNH Annatália Menezes, o encontro foi bastante rico. “Perceber no olhar dos representantes dos estados e municípios a PNH foi um momento ímpar que nos revela entre outras coisas, o grau de maturidade que a a humanização vem alcançando no país” diz. Também concorda com ela a representante da secretaria municipal de saúde de Boa Vista- RR, Lucimara Almeida “Poder partilhar duvidas, mas principalmente muita vontade de fazer dos participantes foi muito gratificante e enriquecedor. Caminhamos em busca de um mesmo objetivo, construir um espaço legitimo e plural em torno dos modos de fazer da PNH”, diz.
Ao final do evento, foi pactuada a realização de encontros regionais desses representantes bem como um novo encontro nacional para o segundo semestre de 2010, onde serão apresentadas diversas experiências em humanização desenvolvidas pelas secretarias – uma solicitação dos próprios participantes. “Saio com a expectativa de, no próximo encontro, conhecer as experiências de humanização das outras secretarias de saúde para me auxiliar na implantação delas no estado por meio da secretaria de saúde ” , afirma o médico sanitarista Giliate Coelho, de Recife- PE.
Foi pactuado também que o grupo será parte importante na construção e manutenção de uma nova ferramenta de comunicação da PNH com todo o Brasil, uma newsletter nacional, com informações da PNH para os diferentes setores da sociedade, com lançamento previsto para o início do segundo semestre.