A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação – porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada. João Guimarães Rosa
Três dias intensos como delegado dos trabalhadores por Osasco, na 9ª Conferência Estadual de Saúde de SP.
Toda Conferência tem a riqueza dos encontros das pessoas, e cada pessoa com uma expectativa. Por isso torna-se difícil a conciliação das ideias, um consenso na forma de pensar o SUS.
Mil delegados entre gestores, usuários e trabalhadores de 645 cidades do estado em 63 regiões de saúde é muita gente!
Fiquei no eixo 4 (Amanhã vai ser outro dia). A ideia de plataformas digitais cooperativas de domínio público tendo como “algoritmos” a proposta da Autarquia Especial do professor Gastão encontra muitas dificuldades de avançar pelo pouco entendimento de como isto seria e acabou não passando para discussão na Conferência Estadual.
Mas acho que as sementes foram plantadas pelas diversas conferências, pré-conferências e encontros regionais. Várias pessoas entenderam a necessidade de uma alternativa às terceirizações e o risco que corremos na Saúde Digital, de uberização do trabalho com a pejotização e da apropriação de informações do SUS pelo mercado com os dispositivos digitais privados, como banco de dados, prontuário eletrônico e dispositivos de teleconsulta
O SUS se faz no coletivo, a ideia de conexão e redes, integralidade, participação e controle social, está nos seus princípios, que podem ser construídos numa plataforma digital cooperativa. O modelo de gestão da autarquia especial, preconizado pelo professor Gastão serve como uma boa base de organização desta plataforma.
Se a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada, como diz Guimarães Rosa, o SUS é o mutirão de todas as pessoas nas conferências, que mexem e remexem nas propostas e diretrizes para um SUS universal, integral, participativo e com controle social.