Dia quatro de outubro de 2017, dia do Agente Comunitário de Saúde (ACS)! Parabéns?
Diferencial da atenção primaria (AP), referência mundial, O ACS um dos principais profissionais que a estratégia saúde da família (ESF), até então o modelo da AP no Brasil.
Em um momento de ataques sucessivos aos nossos direitos e retrocessos por todos os lados, a Politica Nacional de Atenção Básica (PNAB) não foi poupada. A poucos meses a aprovada uma nova versão e com ela a mudança: a ESF não é mais o modelo de AP brasileira, com a extinção processual dos ACS.
Há criticas aos ACS, mesmo entre os opositores da nova PNAB. Ele teria se tornado um “garoto de recados”, somente levando e trazendo informações entre usuários e técnicos. Estaria despolitizado – como se não fosse algo totalmente generalizado.
Por outro lado, muito já se falou sobre a importância do ACS na vinculação entre equipe de saúde e comunidade, trazendo as necessidades de sua área à equipe. Mas como poderíamos pensar neste ator tão importante para além de alguém que atualiza as fofocas do bairro?
Vamos investigar o nome desta função.
AGENTE
Podemos pensar em dois significados principais. Um mais ligado com a figura do agenciador, o que agencia ofertas e encontros potentes e potencializadores de vida, evocando a filosofia de Espinoziana!
Espinoza, e depois Deleuze e Guattarri, colocam nesta função – de Agenciar encontros – a maneira de se exercer livre e eticamente. Os encontros são os responsáveis por aumentar ou diminuir nossa potência de vida.
Nesse sentido, o ACS seria um agenciador micropolítico a serviço das pessoas que atende. Ele configuraria redes, articularia recursos e dispositivos de todas as ordens a favor da sua comunidade e sua emancipação.
Outro sentido da palavra agente designa alguém que age. O ACS não é só alguém que articula, é alguém que também intervém. Sim, intervém. Uso essa palavra “non grata” para destacar que o ACS tem muita potência de ação junto ao usuário! Ele atua na saúde das pessoas, é um ator! O poder de escuta, de encontro, de “traduzir” a fala dos técnicos, de adaptar a conduta técnica à sua realidade, de fazer junto com o usuário… uma infinidade de coisas que essa Agente faz, com base nos seus conhecimentos de morador do bairro e que aprende nos matriciamentos.
COMUNITÁRIO
Esta palavra designa que o agenciamento é para além do individuo é da onde ele se insere! É daquele povo e daquele território, com suas vicissitudes, sua cultura, seu ambiente, sua urbanização, sua forma de relação, suas condições de trabalho, seus costumes, suas religiões, suas condições climáticas, suas gírias e sotaques.
Até porque não há serviço efetivo que olhe somente para um indivíduo abstraído de seu contexto. Não existe condição de saúde que não tenham alguma relação com o ambiente em que a pessoa se insere!
Mas isso traz uma responsabilidade: o ACS deve agir para a melhoria das condições e determinantes sociais da sua comunidade. Mas ele só pode fazer isso se mobilizar sua comunidade. Portanto, também se coloca a tarefa de conscientização dessa comunidade.
SAÚDE
A saúde como bem estar biopsicossocial , é emancipação. É gerar autonomia funcional e mental para se exercer como sujeito de sua própria vida e assim se tornar um ator social, não apenas estando submetido a condicionantes, mas agindo sobre eles e transformando-os.
UMA PROPOSTA PRA FECHAR
Este dia do ACS deve nos instigar. Dia de resgate de sua liderança, de seus agenciamentos e de sua ação. De comemoração, mas principalmente, de mobilização! Neste momento é preciso mostrar a potência deste ator social, na sua prática cotidiana, nos serviços de saúde, mas também nas ruas!
Ontem, 05/10, os ACS lotaram a Paulista por uma PNAB digna do SUS e da importância deste ator.
É preciso lembrar que o cargo de ACS pertence a comunidade e não somente a pessoa que o exerce: entao Vamos nos mobilizar com eles! Vamos apara rua! Quantas vezes necessário! Em defesa do ACS, da ESF e do SUS!
A final, o ACS é um Agenciador micropolitico e promotor de autonomia, singular e coletiva de sua população atendia.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá Fe, muito gratificante vê-lo de volta aqui na RHS trazendo esse olhar para a realidade dos ACS na atual conjuntura, que é preocupante. Enquanto usuária do SUS, me solidarizo com esses profissionais, e espero sucesso nessa caminhada em defesa do SUS!
AbraSUS!
Emília