Há pessoas – acredito que a maioria de de nós – com um brilho discreto e suave. Essas pessoas precisam umas das outras. Seu calor é tépido e convida a união. É necessário se aproximar para viver na fronteira da força de seu brilho. Solitárias, a maioria das pessoas se consomem e definham até a extinção. Por isso, nos apaixonamos. O tempo pelo qual brilhamos juntos, chamamos de enlace amoroso.
Outras pessoas, brilham explosivamente. A euforia é como chama. No entanto, quando você chega a aproximar-se o fogo já consumiu o brilho. Então, você precisa ficar longe do limite interno do frio que poderia congelar a vocês dois. Essas poucas pessoas, exceto por breve encontros, vivem condenadas à solidão ensimesmada. São estes seres que dão uma forma trágica ao que chamamos de destino.
Existem também as pessoas que brilham intensamente o tempo todo. Elas cintilam com muita força e energia. Não é necessário se achegar muito. Você é tocado pela cálida e afetuosa acolhida mesmo que jamais esteja ao alcance de seu olhar. Esses seres raros oferecem sua presença a todos, ainda que jamais deixem de estar, eles mesmos, muito distantes da borda que delimita a presença de alguém.
Assim é possível amar qualquer pessoa. Porém, não todas, nem ao mesmo tempo. Também não é viável acompanhar ninguém além das fronteiras dela mesma, sem pagar o preço de congelar ou arder em chamas.