Hoje, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, trabalhadores do HILP e duas colaboradoras/voluntárias do CVV se juntaram numa caminhada pelos espaços do hospital, ao som da música “Viver e não ter a vergonha de ser feliz” do saudoso Gonzaguinha, para chamar a atenção sobre um problema que muito tem preocupado a população como um todo, o suicídio.
Segundo estudo realizado Pela UNICAMP, 17% da população brasileira, em algum momento, pensaram em tirar a própria vida, e 32 pessoas morrem por dia vítimas de suicídio, números que assustam e nos desafiam a sair da zona de conforto e ajudar. E foi com esse sentimento que organizamos a caminhada e uma roda de conversa sobre o tema, envolvendo usuários e trabalhadores, tendo como mediadoras Maria Zélia e Regina Reis do Posto do CVV de Teresina.
Para a Regina Reis, na maioria dos casos, é possível evitar que os pensamentos suicidas virem realidade. E a principal medida preventiva é a educação, falar do problema e derrubar tabus. “É preciso prestar atenção nas pessoas que estão próximas de nós, e que estão em crise, emocionalmente fragilizadas, elas podem estar precisando de ajuda”, falaram as mediadoras.
Segundo a OMS-Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam oferta de ajuda profissional ou voluntária.
No final das atividades, foram distribuídos impressos sobre o tema, elaborados pela equipe do hospital e pelo CVV, com informações/contato para ajuda.
Site do CVV: https://www.cvv.org.br
Contatos do PROVIDA (ambulatório especializado no tratamento de pessoas com ideação suicida no Centro Integrado Lineu Araújo em Teresina, que disponibiliza psicólogos e psiquiatra para atendimento de pessoas com sofrimento psíquico). Telefones para contato: 3215 4344 e 3215 9131.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Trago aqui uma entrevista muito interessante sobre o assunto por abordar outras formas de pensar sobre o que está virando uma epidemia.
Entrevista:
Carlos Estellita-Lins, psicanalista:
‘O suicídio está associado, inclusive, à crise social-econômica que o mundo vive’
O mês de setembro ganha a cor amarela como parte da campanha de prevenção ao suicídio. Por conta disso, o Portal EPSJV/Fiocruz foi ouvir o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Carlos Estellita-Lins, com atuação clínica em psicanálise e psiquiatria e estudioso do tema, para entender o recrudescimento do suicídio em alguns grupos populacionais e a relação entre suicídio e as transformações ambientais. Trata-se de um problema de saúde pública mundial: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 800 mil pessoas morram desta forma anualmente, uma a cada 40 segundos, o que equivale a 1,4% dos óbitos totais. A média global de mortes voluntárias é de 10,7 por cem mil habitantes, sendo 15 por cem mil entre homens e oito entre as mulheres. No Brasil, onde os índices são também relevantes, segundo dados do Ministério da Saúde registrados entre 2011 e 2017, a média foi de 5,7 suicídios a cada cem mil habitantes. Os números são maiores quando se trata da população jovem de 15 a 29 anos, na qual o suicídio é a quarta maior causa de morte, especialmente entre os homens. Entre 2011 e 2017, a taxa de suicídio entre os homens dessa faixa etária foi de nove mortes por cem mil habitantes, enquanto que entre as mulheres foi quatro vezes menor (2,4 por cem mil). Uma verdadeira epidemia de suicídio atinge ainda a população indígena, entre a qual a taxa de mortalidade por mortes voluntárias é quase o triplo da média nacional (15,2 por cem mil). E diferentemente da população geral, a maioria dos suicídios cometidos pelos indígenas (44,8%) no mesmo período ocorreu na faixa etária de dez a 19 anos.
Para quem quiser se aprofundar, veja:
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/o-suicidio-esta-associado-inclusive-a-crise-social-economica-que-o-mundo-vive