Recusa de tratamento. A autonomia do paciente favorece ou prejudica o tratamento?
A falta de adesão ao tratamento representa um dos obstáculos para redução do agravos em saúde, sejam eles oriundos de doenças agudas ou crônicas. Apesar de estar em menor evidência no cenário hospitalar, a recusa do paciente à terapia que lhe é oferecida pode, por vezes, gerar danos gravíssimos, além de, aumentar o tempo de permanência no hospital. Ao se pensar em medicamentos, a falta de adesão, muitas das vezes decorre do aparecimento de efeitos adversos indesejados, secundários e/ou previsíveis que causam desconforto e podem gerar outros problemas de saúde. Como exemplo a essa premissa, pode-se citar os medicamentos antineoplásicos, que por sua natureza química e/ou agressiva no combate ao câncer, acabam por debilitar também o corpo e causar grandes desconfortos. Todo tratamento por mais agressivo que seja é avaliado de forma que proporcione mais benefícios do que malefícios seu usuário e que todo desconforto por mais doloroso seja para melhora a ou cura da doença.
A partir destas perspectiva, até que ponto a autonomia do paciente reflete seus interesses de saúde e sobrevivência quando se trata de aceitar ou recusar o medicamento. De forma contraria, até que ponto o que foi avaliado pela equipe de saúde representa a melhor conduta para aquele que receberá o tratamento.
Apesar de toda bagagem técnica que o processo de formação acadêmica e profissional nos proporciona, devemos tratar o paciente de forma mais holística e menos biológica. Lembra-se, um simples termo de recusa de medicação não vai resolver o problema de ambas as partes. Usar o bom censo, com uma escuta ativa e ética, por mais principalista que seja, podem ser ponto de partida para uma excelente relação entre aquele que cuidador e o que é cuidado, favorecendo assim a adesão ao tratamento.
Por Raphael
Olá Júnior…Seja Muito Bem Vindo á RHS!
Muito importante a discussão que você traz, estive num evento em que a palestrante Débora Aligieri (também blogueira na RHS) nos disse que o saber do usuário reside no fato de que é ele que experimenta a doença com o próprio corpo, e que para o tratamento ser realmente efetivo este saber precisa estar combinado ao saber técnico da equipe de saúde.
Em 2010 tive aulas com uma Professora Enfermeira que é membro da religião das “Testemunhas de Jeová” e logo veio em sala uma discussão sobre o direito do paciente recusar-se a receber transfusão de sangue para preservar sua crença. Ela nos disse que a legislação brasileira confere ao médico a decisão do que fazer nessas horas. Mas as pessoas tem direito de nascer, viver e também tem o direito de morrer.
Curiosidade: De acordo com dados do Censo de 2010 do IBGE, existiam 1,393,208 Testemunhas de Jeová no Brasil.
Enfim quando o paciente se recusa, ele está indicando que ainda existe algo incomodando e causando sofrimento, cabe nessas horas á equipe de saúde aliviar e tornar o tratamento o mais leve possível. Na tentativa de salvar uma vida ou impedir que ela siga seu curso, quanto sofrimento adicional a equipe de saúde causa ao enfermo?
No exercício da empatia e do bom senso, essa é a reflexão que te deixo invertendo a pergunta que intitula teu post:
Em nome da cura ou do tratamento, temos produzido quantas formas de sofrimento?
AbraSUS
Raphael