Entre o diagnóstico e o saber – Reflexão sobre a base ética da construção dos cuidados.
Olá me chamo Fábio, sou acadêmico em psicologia e gostaria de convida-los para uma reflexão. Dentro do senso comum, entende-se o diagnóstico como uma resposta do profissional médico ao que o doente procura como resposta por seus males e sua enfermidade quando dirigido ao local de atendimento. Mas o sentido real do que vem a ser diagnostico esta longe de ser esse sentido segregado de conhecimento do profissional apenas da medicina.
Não é necessário entrarmos no conteúdo massivo sobre as variadas escolas médicas gregas como cnydos, palermo, e seus distintos conceitos sobre diagnósticos, mas sim lembrarmos que a palavra diagnostico tem sua etimologia em duas partículas de origem grega, uma é DIA, que tem seu significado no – Através – e GNOSIS, que é –conhecimento, conhecer – Sendo assim diagnóstico tem o significado de conhecer através de, ou através do conhecimento, é dessa lógica que encontra-se a anamnese, o diagnóstico e o prognóstico. Lembrando que é por meio do conhecimento do mundo que cerca o paciente, da vida do paciente que o profissional da saúde, não somente o médico (é importante ressaltar) que formulará o diagnóstico, que irá conhecer a história da enfermidade na vida do paciente, sem patologizar como é conhecido o termo no meio acadêmico, mas também sem procedimentalizar como é conhecido de muitos profissionais em instituições de saúde, uma vez que as instituições efetuam seus pagamentos por quantidade de procedimentos e não exatamente pela saúde propriamente, acarretando em uma procedimentalização das enfermidades, piorando muitos dos casos em que já existe um sofrimento crônico. É neste ponto que encontramos a enorme e importante função da RedeHumanizaSus. A formação de conhecimento que engendra os processos de construção para os cuidados aos sujeitos envolvidos deve ser coletivo.
Este processo de trabalho é o campo de produção de um saber que não se aprende por si mesmo, mas onde o conjunto do saber de todos os profissionais envolvidos nos cuidados, em uma rede de saberes formulados coletivamente para que não ocorra mais a procedimentalização ou a patologização das enfermidades assim como dos sujeitos, que nem um saber seja maior que outro, que nenhum profissional tenha o a cena da verdade absoluta, o saber mais validado, ou o status mais válido para tal enfermidade, todas as enfermidades geram sofrimento. É o que jamais se deve esquecer, o paciente não é seu ou dele, mas de uma rede que cuida e busca por cuidados dentro de uma ética de cuidados e construção de saber.
Fonte: Deslandes SF. Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006.
Por Gabriel Silva
Interessante reflexão! Pensando em um atendimento multidisciplinar, o fato de haver um saber predominante quebra toda a lógica desse entendimento de atendimento coletivo. Pois, se há um saber coletivo de profissionais por que não pensar juntos enquanto a necessidade do paciente? se esvaindo de padrões e regras acredito que a qualidade do serviço prestado melhorará, certamente pensando no paciente como um todo, um sujeito “transformado” e que transforma o ambiente, bio-psico-social.