Práticas Integrativas e Complementares são utilizadas na Promoção à Saúde em ESF do interior de SP.
Durante uma visita domiciliar feita a uma usuária do SUS na área adscrita de uma ESF em Presidente Prudente, SP, estimulada pela Facilitadora do Programa de Aproximação Progressiva à Prática na Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (PAPP/FAMEPP/UNOESTE), eu e mais dois Acadêmicos do 2º Termo da Graduação em Medicina, pudemos conhecer um pouco mais sobre seu ambiente, sua rotina, sua família, sua saúde e os medicamentos que faz uso. Enquanto falava sobre as suas necessidades de saúde, ou seja: “condições de vida”, “acesso às tecnologias que prolongam a vida”, “vínculo com a equipe de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF)” e “autonomia na maneira de andar a vida”, a usuária do SUS me contou que acreditava muito no resultado dos “chás” e dos remédios caseiros que aprendeu com seus parentes mais velhos e amigos durante toda a sua vida. Contou que em seu quintal havia muitas ervas e plantas e que com elas fazia diversos remédios caseiros.
Além disso, ela relatou que certa vez, para “sarar” de um fungo que estava no dorso de seu pé, passou álcool no local da ferida, pois nenhum medicamento havia resolvido seu problema. Com este relato, eu, estudante de Medicina do 2º termo não tinha muito conhecimento sobre o assunto e mesmo sabendo que aquilo era perigoso e não indicado a se fazer, não tinha argumentos sólidos para refutar sua ideia, pois, para ela, o importante era ter seu problema resolvido.
A Facilitadora utilizou o “Arco de Maguerez” para estimular “Reflexão na Ação”, quando voltamos da Visita Domiciliar, para a Unidade de Saúde.
Após criar “questões de Aprendizagem”, por meio da aplicação da “Metodologia Ativa da Problematização”, percebi que, para lidar com situações como estas, que são bem comuns no dia-a-dia da comunidade, é necessário estudar sobre o assunto e também sobre as diversas possibilidades de tratamentos disponíveis que não são muitos conhecidos por alguns Profissionais de Saúde.
A partir das buscas, em fontes confiáveis, de acordo com um estudo feito em um hospital de Ribeirão Preto por fonoaudiólogos da USP, três fatores estão hipoteticamente relacionados à busca do paciente pela Medicina Alternativa Complementar (MAC). O primeiro fator está associado à insatisfação com os tratamentos convencionais, motivada pela descrença em sua efetividade, pelos efeitos adversos produzidos, ou por seu relativo alto custo. O segundo fator está ligado à crença de que a “MAC” traz maior poder de escolha sobre as decisões a serem tomadas no decorrer do tratamento. E o terceiro fator diz respeito às crenças religiosas e espirituais do cliente, seus valores, seu modo de ver o mundo, e o seu próprio conceito de saúde e de doença.
Descobri, a partir das minhas buscas, que diante da crescente adesão de usuários de serviços de saúde às “MAC”, existe a necessidade de novos estudos sobre os conhecimentos, atitudes e práticas dos diversos profissionais da saúde em relação a essas terapias. Estes estudos podem diagnosticar a adesão dos profissionais às “medicinas não convencionais” e as suas condutas em relação a elas, contribuindo para futuras discussões e revisões das Políticas de “Práticas Integrativas e Complementares” (PICs) no SUS. Por fim, ainda pude observar que as “Terapias Alternativas e Complementares” são muitas vezes criticadas pela sua eficácia e validade, isto é, pela ausência de resultados cientificamente comprovados, e isso faz com que as pessoas tenham diversas atitudes e julgamentos precipitados em relação a elas. Investigadores têm argumentado que as “MAC” podem ser utilizadas com bons resultados juntamente com a “Medicina Convencional” e que os doentes e/ou profissionais de saúde que se opõem a certas abordagens complementares têm uma visão estreita e restritiva da prática médica e da avaliação dos tratamentos.
Após as reflexões entendi que as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças. Em alguns casos, as PICs também podem ser utilizadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.
Referências:
-Ribeiro, R. L. M. (2010). A escolha entre terapias não convencionais e medicina convencional: uma análise sociológica das motivações e preferências dos doentes. Universidade de Coimbra: Faculdade de Medicina. -Manzini, Thaise, Martinez, Edson Zangiacomi e Carvalho, Antonio Carlos Duarte deConhecimento, crença e uso de medicina alternativa e complementar por fonoaudiólogas. Revista Brasileira de Epidemiologia [online]. 2008
Data de Acesso: 11/08/2022
Por Edlayne Larissa Gretter Machado Pereira
Parabéns Lívia pela sua publicação e seu olhar sendo despertado para os costumes e realidade das condições de vida de nossos Usuários do SUS. Com certeza é uma experiência bem relevante para sua carreira profissional.
Continue sempre com esse olhar despertador e sensível da prática médica!!!!