Relato por Alberto Magno Duarte Lessa Filho e Karla Ianara Silva Tavares, estudantes do Internato em Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.
Prazer, leitor! Somos Alberto e Karla, internos do estágio de Saúde Mental da UFAL, e neste relato iremos trazer um pouco da nossa experiência e do nosso aprendizado obtidos através do tempo em que acompanhamos as atividades no CAPS Casa Verde.
Tivemos a oportunidade de participar das dinâmicas e grupos propostos pela equipe do CAPS, composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, dentre outros profissionais, os quais nos acolheram de forma bastante proveitosa. Presenciamos grupos como a Oficina da Beleza, o Grupo da Sexualidade e das Emoções, o Grupo de Teatro, o Grupo do Autocuidado, além de termos participado de uma reunião com a equipe multiprofissional. Além disso, também pudemos conhecer um pouco das dinâmicas praticadas pelos usuários, como a venda de doces produzidos na cozinha do CAPS e o brechó, este último que chamou nossa atenção de modo particular.
O brechó está localizado em uma pequena sala próxima à recepção, no qual são expostos produtos como livros, peças de roupa, acessórios como colares, pulseiras, brincos etc. Alguns dos produtos vendidos são fabricados pelos próprios usuários, mas outros são oriundos de doações de outras pessoas para os CAPS. Foi organizada uma escala na qual alguns dos usuários são responsáveis pela venda dos produtos em determinados horários da semana, servindo também como uma forma de trabalho; além de haver toda uma organização para divulgação do brechó em mídias sociais e eletrônicas, como o Instagram.
Gostamos bastante da proposta do brechó, tanto por incentivar a criatividade dos usuários, quanto por disponibilizar a oportunidade de participar de uma atividade na qual os mesmos assumem uma responsabilidade laboral, auxiliando ainda na inserção social.
Também utilizamos nosso estágio no CAPS Casa Verde para interagir e conversar com os usuários, conhecendo suas histórias de vida e compartilhando experiências individuais, além de auxiliá-los dentro das possibilidades de nosso conhecimento acadêmico. Isso foi relevante tanto para a partilha dessas histórias, quanto para a desconstrução do pensamento manicomial atrelado ao paciente psiquiátrico, que é o objetivo principal dos CAPS.
Por fim, nossa experiência no CAPS foi importantíssima para nossa formação acadêmica, pois conseguimos aproveitar esse estágio para aprender e aprimorar o modo como nos relacionamos com os pacientes, além de inserir-nos na luta contra o pensamento manicomial, que infelizmente ainda está presente em boa parte da população, seja por mero preconceito ou também por interesses econômicos.
Por Sérgio Aragaki
O trabalho desenvolvido por unidades de saúde que trabalham na perspectiva da Atenção Psicossocial, além do cuidado humanizado e defesa de direitos humanos, colabora na diminuição do estigma relacionado às pessoas que estão em sofrimento mental. Por uma saúde mental antimanicomial!!!