Quando a humanidade despertou e porque agora estamos dormindo num pesadelo de dogmas?

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O Despertar de Tudo

Os seres humanos, vivendo sob o império divinizado da mercadoria e do capital, têm menos imaginação, criatividade e autonomia do que as culturas de caçadores coletores que existiram por dezenas de milhares de anos. Em termos cognitivos estatísticos, estamos começando a entender que a humanidade tinha melhores condições de desenvolver nossas múltiplas habilidades intelectuais no passado remoto, em comparação com o que agora estamos chamando de a era da informação.

Pessoas estiveram conectadas por dezenas de milhares de anos. Conversas sobre formas de vida, especulações filosóficas e cosmológicas fazem parte do exercício reflexivo de milhares de gerações em diferentes culturas.

Os escritos que chegaram até nós, das primeiras civilizações, como dos personagens gregos, são menos as invenções geniais de indivíduos como Platão e Aristóteles, do que as crônicas seminais de discussões que atravessaram milênios de conversas entre seres humanos no intercâmbio de diferentes culturas.

Há evidências de que o teorema de Pitágoras, por exemplo, antecede Pitágoras no uso prático na arquitetura em milhares de anos. Pitágoras pode ter sido um eminente redator, um sistematizador e desenvolvedor de ideias e não um mítico cavaleiro que se ergueu, juntamente com seu cavalo, do pântano puxando seus cabelos. Mesmo Einstein, deve seu lampejo de genialidade juvenil ao buscar olhar de diferentes ângulos as lacunas na obra de Newton, através das questões formuladas por pensadores de seu tempo.

Assim, se sobrevivemos como espécie a este período, de dois ou três míseros séculos de mercantilismo e capitalismo, o veremos como uma época em que nossa imaginação sobre como viver estava adoecida para a maioria de nós.

É certo que o desenvolvimento científico, gradualmente, está nos permitindo reconectar o nosso passado de seres capazes de criar incontáveis modos de vida com os desafios de superar o perigo da autodestruição que nos assombra atualmente.

Recomendo este livro para todos aqueles que acreditam que nossa civilização data do início da agricultura ou do jardim do éden.

Todos que ainda creem que nossa infância pode ter durado 200 mil anos e que somente após as primeiras civilizações na Mesopotâmia e Egito é que atingimos alguma maturidade, simplesmente estão errados.

Somos seres complexos, multifacetados, políticos e filósofos desde, talvez, o dia em que dominamos o fogo e começamos a usar sons para articular caçadas, enquanto no tempo ocioso especulamos sobre a luz das estrelas e o significado da existência.

Temos sido seres complexos, inventivos, diversos, igualitários na intensidade necessária para podermos exercer a liberdade por cerca de 200 mil anos.

Porque nos últimos milênios (e cada vez mais intensamente) nos tornamos dogmáticos e obcecados pelas crenças compartilhadas que inventamos? Nossas crenças são criações para o nosso uso, da mesma forma que arcos, flechas e automóveis.

Porque nos tornamos viciados em certezas ilusórias quando as evidências arqueológicas e antropológicas mostram que nossas religiões sempre foram experimentações despretensiosas para lidar com a incerteza cruel inerente à realidade?

Essa leitura é, insisto, um guia fundamentado sobre nosso passado que permite aprofundar essas reflexões.