Minha experiência como estagiária no Caps Sadi Feitosa em Maceió
Meu nome é Jéssica Oliveira, sou estudante de medicina, atualmente no internato de saúde mental pela Universidade Federal de Alagoas. A minha experiência no CAPS Sadi Feitosa, em Maceió, representou um marco no meu percurso de formação em saúde mental. Foi nesse espaço que compreendi o cuidado psiquiátrico sob uma perspectiva verdadeiramente humana, voltada para a escuta, a convivência e a reintegração social. Todos os dias fui surpreendida pelo fato de como os usuários gostavam e precisavam de estar ali.
As atividades realizadas — que incluíram dinâmicas em grupo, meditação, exercícios físicos, visitas domiciliares e rodas de conversa — demonstraram que o tratamento vai muito além do consultório e da prescrição medicamentosa.
Essa vivência concretiza os princípios defendidos por pensadores da luta antimanicomial, como Franco Basaglia, que afirmou que “a liberdade é terapêutica”, e Nise da Silveira, que acreditava no poder curador da arte e do afeto no processo de reabilitação.
Momentos que muito me marcaram foram como as visitas domiciliares e em abrigos, o bingo, as danças, atividades físicas, e os grupos temáticos sobre violência contra a mulher e prevenção do suicídio que mostraram que o CAPS é um território de vida e de trocas significativas. Nessas experiências, os usuários não eram vistos como “doentes”, mas como sujeitos de direitos, com histórias e afetos que merecem ser valorizados. As visitas domiciliares, por sua vez, reforçaram o compromisso da equipe com o cuidado em liberdade, levando acolhimento também aos que vivem em abrigos ou em suas próprias casas.
Reiterando Nise da Silveira: “As pessoas enlouquecem quando são impedidas de ser”. Assim, o CAPS Sadi Feitosa traduz esses ideais em prática cotidiana, transformando o espaço em um verdadeiro dispositivo de cidadania e reconstrução subjetiva.
Percebi, enfim, que o CAPS não é apenas um serviço de saúde, mas um lugar de esperança, onde o cuidado se manifesta nas relações, nas pequenas celebrações e na escuta sensível — uma clínica ampliada, viva e profundamente humana.
Por Sérgio Aragaki
Jessica,
O reconhecimento das pessoas para além de diagnósticos e tratamentos é fundamental, tal como vc constatou durante o estágio no CAPS. Em suas palavras: “o CAPS é um território de vida e de trocas significativas”.
Muito bom ter estudante de Medicina que consegue ampliar seu olhar e suas práticas.
AbraSUS!