PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
Professoras Dr.ª: Ruth Gelehrter da Costa Lopes e Vera Lucia Ferreira Mendes
Alunos: Ana Gutierrez Calil; Bruna de Souza Haber; Caio Naganuma de Rezende ; Cristiane Alves Monteiro; Guilherme Wolff Lemos e William Souto Maior Barroso.
A linguagem é uma tecnologia de cuidado. Ela pode aproximar, fortalecer, garantir direitos ou pode estigmatizar, afastar e produzir violência. Como lembra João Guimarães Rosa, “a linguagem e a vida são uma coisa só”: quando ela muda, nossa forma de existir juntos também se transforma.
Partindo desse princípio, como estudantes do 8º semestre do curso de Psicologia da PUC-SP, nas disciplinas Psicologia e Saúde – Pressupostos para a Prática Profissional, desenvolvemos produções que articulam direitos, comunicação, saúde pública e humanização de maneira direta e acessível. A nossa criação foi de um Jogo de Cards sobre Terminologia para HIV/AIDS, baseado no Guia de Terminologia da UNAIDS (2017), recurso fundamental para qualificar a comunicação em saúde e reduzir o estigma.
Por que falar de linguagem quando falamos de HIV?
Desde os primeiros registros da epidemia, termos como “aidético”, “grupo de risco”, “portador”, “viciado” ou “contaminado” foram amplamente disseminados. Embora comuns no passado, essas expressões carregam uma história de violências simbólicas e institucionais e seguem influenciando o acesso ao cuidado e à cidadania de pessoas vivendo com HIV.
O objetivo do material produzido por nós é justamente transformar essas formas de nomear e, assim, transformar também os modos de acolher. O jogo oferece cartas com:
- Termos que não devem ser utilizados;
- Contextualizações sobre por que reforçam estigma;
- Sugestões de terminologia adequada, como recomenda a UNAIDS.
Fica evidente a importância de expressões como pessoa vivendo com “HIV”, “populações-chave”, “infecção sexualmente transmissível (IST)” ou “teste de HIV”. Mais do que correções linguísticas, são escolhas éticas que reconhecem a dignidade e a singularidade de cada pessoa.
Educar para cuidar: estratégias lúdicas, acessíveis e humanizadoras
O jogo de terminologia sobre HIV foi pensado para circular, ensinar e facilitar acesso.
Ele pode ser utilizado em:
- Rodas de conversa com usuários da Atenção Básica;
- Grupos de educação em saúde em CTA/SAE;
- Reuniões de equipes multiprofissionais;
- Oficinas em CAPS, escolas e serviços comunitários;
- Momentos formativos em políticas de redução de danos.
O foco é desestabilizar preconceitos naturalizados, oferecendo recursos simples que favorecem processos educativos críticos e dialogados.
Humanização como prática cotidiana
Quando discutimos HIV no SUS, não basta garantir testagem, diagnóstico e tratamento. É necessário também trabalhar o campo simbólico, aquilo que estrutura as relações, a escuta, o acolhimento e o pertencimento aos serviços.
A escolha de uma palavra pode determinar se uma pessoa retorna ao serviço, se se sente segura, se cria vínculo com a equipe. Assim, iniciativas como esse material educativo mostram que a formação em Psicologia pode contribuir ativamente para a política de humanização ao integrar cuidado, comunicação e direitos humanos.
O jogo de cards é um convite: repensar o que dizemos é repensar o modo como cuidamos. Em um cenário em que o preconceito ainda mata mais que o vírus, reforçar uma linguagem precisa, respeitosa e não estigmatizante é uma estratégia de saúde pública.
Humanizar o SUS começa pelo modo como nomeamos o outro e como reconhecemos sua história, seu corpo e sua dignidade.
Como vai funcionar a atividade: versão online e versão impressa
Versão Impressa / Presencial
Na versão impressa, o Jogo de Cards – Terminologia para HIV/AIDS funciona como um material educativo simples, acessível e de alto impacto, podendo ser utilizado em rodas, grupos ou atendimentos individuais. A proposta é dinâmica:
- Distribuição dos cards
- Os participantes recebem cartas com: um termo inadequado (ex.: contaminado, grupo de risco, aidético); a contextualização do problema; e o termo recomendado pela UNAIDS.
- Leitura coletiva e diálogo
A facilitadora ou o facilitador convida cada pessoa a ler seu card, explicando:
- Por que o termo é estigmatizante;
- Como influencia práticas de cuidado;
- Qual é a alternativa ética sugerida.
Troca entre participantes:
Os cards circulam, permitindo que cada pessoa tenha contato com diferentes exemplos. Isso facilita a desconstrução de preconceitos linguísticos e amplia a reflexão coletiva. Aplicação prática no cotidiano do serviço
Após a atividade, o grupo discute:
- Quais expressões ainda aparecem nos serviços;
- Como substituir;
- Como incorporar uma linguagem mais humanizada na rotina.
Por ser impresso, o jogo também pode ser deixado em salas de espera, salas de acolhimento, CAPS, CTA/SAE, NASF, escolas e outros equipamentos, funcionando como ferramenta permanente de sensibilização.
Versão Online/Digital
A versão digital amplia o alcance da proposta e pode ser usada em reuniões remotas, formações online, redes sociais ou plataformas educativas, e também nos cenários que foram citados na versão imprensa se ter a possibilidade do acesso pelo celular, seguindo a mesma forma como na versão imprensa.
Cards interativo
Cada card aparece:
- “NÃO UTILIZAR” → Contextualização → “TERMO RECOMENDADO”.
- A facilitadora compartilha a tela e conduz a atividade, discutindo card por card.
- Os participantes podem reagir pelo chat, microfone ou enquetes rápidas (ex.: “qual termo você já ouviu mais na sua prática?”). E pod
LINK PARA ACESSAR OS CARDS INTERATIVOS ONLINE:
https://gemini.google.com/share/1cc41fc58e44
ANEXO PARA VERSÃO IMPRESSA: