Conversando sobre Redes de Produção de Saúde com Liane Righi
Coordenadoras do curso de Especialização em Humanização da Atenção e Gestão do SUS do RS, entre uma atividade e outra dos intensos encontros presenciais que ocorrem na UFRGS em POA, as consultoras Simone Paulon e Liane Righi bateram um papo descontraído sobre o tema, no qual Liane aborda a concepção de Redes com que a PNH tem trabalhado. Além de sua pesquisa de doutorado, realizada no PPG de saúde coletiva da UNICAMP com orientação do prof. Gastão Campos, Liane tem escrito e debatido país afora este assunto e defendido a idéia de que, para além de redes de atenção à saúde, possamos fazer de cada encontro que o SUS promove uma oportunidade de fomentarmos uma Rede de produção de saúde. Confira nos vídeos a entrevista dada em setembro de 2008!
Parte 1:
Parte 2:
22 Comentários
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Por Liane Righi
Querida Eliana,
Você está em um dos menores municípios gaúchos. Nova Ramada tem cerca de 3.000 habitantes. Como Nova Ramada participa da produção da rede na região? Esta forma de tratar o tema da complexidade te ajuda? São possíveis processos de concertação?
Abração. Liane
Simone,
O vídeo é excelente! Liane fala com muita propriedade e espontaneidade sobre a concepção de redes indicando, inclusive, leituras enriquecedoras acerca do tema.
O vídeo é um recurso didático maravilhoso e é sempre muito bom quando utilizado nessa rede.
Obrigada e um grande abraço,
Jacqueline Abrantes
é muito legal este efeito rede-acontecimento que a gente vê pulsando e fazendo com que nossos GRANDES RIOS, do Norte e do Sul, se encontrem fluindo numa mesma direção. Que bom saber que estamos enredadas, Jaqueline. ao tirarmos uma foto com Ricardo, Patrícia e Cláudia Peju aqui no encontro brincamos que só faltava você! Nem falta mais, como nos dizes em tua carinhosa mensagem. Mas uma hora dessas seria bom te ter também presencialmt na foto! Abçs
Por Liane Righi
A roda como um coletivo organizado para a produção e como um ponto de uma rede com outras rodas, e outras rodas, e outras rodas…conectadas. Uma nova forma de gestão do SUS.
Liane
Muito bom o vídeo!
Clareou muitas conexões desta rede maravilhosa que é o SUS!
Ótimo para ser divulgado e compartilhado nas equipes de trabalho onde os PI’s estão sendo desenvolvidos!
;o)
Abraços, Angela Meincke Melo – UP HumanizAções
Por Liane Righi
Angela,
Bom trabalho. Lembro da tua intervenção com os trabalhadores do CAPS. Vistes o post da Jacqueline de Natal?
Abraço. Liane
Ao falar em Rede, Liane Righi estimulada por Simone Paulon na direção da fala, nos remete ao interessante dinamismo do Sistema que necessita de um olhar conectivo abarcando o convívio entre as similaridades e singularidades, o ordinário e o extraordinário, o intricado e o natural, alumiando a percepção indispensável à composição das relações entre saberes, poderes e sensibilidades demandando um permanente fluxo de relações e do relacionar-se com aceites, contratos e afetos produzindo ações fundadas no real de quem vive a saúde pública.
Lia Magalhães
UP HumanizAlegre – Curso de especialização em Humanização da Atenção e Gestão do SUS/ RS
Por Ricardo Teixeira
Sensacional, Simone e Liane!
Sobre a qualidade da conversa e a importância dessa iniciativa de postar a conversa na RHS, não preciso mais falar, pois isso já foi muito apropriadamente dito pelos companheiros que comentaram antes de mim.
Para mim, este post já é material de referência para estudos sobre redes na saúde e material de primeira grandeza!
Como essa conversa me diz respeito de modo muito próximo, quero entrar nela rapidamente, com um comentário que pode parecer um pouco "acadêmico" à primeira vista, mas que considero fundamental, já que ele dá o próprio sentido do modo como tenho procurado contribuir para esta construção coletiva no campo da saúde e do SUS.
Liane faz uma distinção entre uma "coisa" chamada rede (um conjunto de serviços entendido como um conjunto de nós conectados/articulados entre si) e uma rede como "metáfora", ou seja, um outro sentido de rede que poderia ser "transportado" para o nosso universo de questões.
Tenho preferido me referir a esses outros sentidos de rede (na verdade, tenho preferido dizer um outro conceito de rede) como a rede-acontecimento. Não acho que seja uma metáfora, pois não transporta um sentido figurado, mas fala de algo próprio. Acho que podemos, sim, distinguir uma rede enquanto definição formal (matemática, topológica: conjunto de nós e conexões) e a rede enquanto um acontecimento, o que injeta sentido (humano) nos sistemas formais.
Radicalizando (e tenho procurado contribuir para a discussão de redes na saúde introduzindo o seu apelo radical), a integração das partes de um sistema (tal como pode ser obtida dentro de uma lógica hierárquica e piramidal) não é suficiente para que uma rede "aconteça". E o que é preciso para que seja efetivamente uma rede-acontecimento é brilhantemente apresentado nessa conversa.
Portanto, não é uma metáfora. É, afinal, A REDE.
Só pra fazer a roda dessa conversa rodar…
Bjs, companheiras queridas.
Ricardo
Por Marco Pires
Oi gurias,
Nas definições de rede, apresentadas por Liane, a "metáfora" se remete a aquilo que o Ricardo afirma, ancorado na leitura de Espinosa, ser a essência da rede e não sua topologia, propriamente dita.
O fantasma, neste caso, me parece a topologia institucional de prédios – equipamentos espalhados em um dado território – e que estariam fora de qualquer possibilidade de sentido, uma vez que não possuiriam a potência de instaurar encontros. No máximo constituem o cenário onde podem ocorrer o enamoramento entre trabalhadores e usuários – encontros felizes de afirmação e promoção da vida.
De outra forma, a potência de cada sujeito em seus encontros, na atualidade de cada instante, fazem o sentido humano que é a rede.
Num cenário – os equipamentos – edificado no passado para ocasionalmente virem sediar as técnicas de conversação e produção de zonas de comum, como afirma o Ricardo.
Belo debate! Me (re)encantou ouví-las…
Por Liane Righi
Marco,
Você "pegou" o que eu pensei que revisaria quando ouvi. De alguma forma, a mudança já apareceu em coisas que andei escrevendo depois disso. Mas é verdade que hospitais e postos de saúde não conversam, quem se encontra são pessoas. Contudo, não queria perder a perspectiva de incluir as organizações.
Abração, guri. Liane
Liane Beatriz Righi
Por Marco Pires
Oi Liane,
Tem um pessoal que criou a escola de redes, a iniciativa é do Augusto de Franco, inspirado em textos de David Ugarte. Eles estiveram na conferência das cidades em 2008 aqui em Porto Alegre.
Embora estejam do lado de lá na luta pelo controle da máquina administrativa no país, lei-se são ligados mais ao PSDB, tem umas reflexões legais e se fundamentam em alguns autores que conhecemos, como o Maturana, entre outros…
Eles estão muito encantados com a topologia das redes. Fazem muitos cálculos matemáticos e esquemas gráficos para determinar a qualidade e os tipos de redes existentes.
Eles estão se reunindo neste endereço:
https://escoladeredes.ning.com/
É interessante a disputa de sentido que está se constituindo em torno das definições e uso das redes.
Não é a clássica partição entre esquerda e direita. Mas algo como campos diferentes de produção de sentido.
Um abraço!
Foi muito bom ver este vídeo pois a Liane procurou exemplificar de maneira prática o trabalho em redes. Conseguiu "desvendar" as idéias dos autores citados com brilhantismo.
Com certeza, para quem esteve no EPG em POA (13 e 14/03) foi mais uma oportunidade de aprendizado.
Grande abraço
Ana Paula Seerig – UP HumanizAÇÕES
Santa Maria – RS
Por Liane Righi
Ana,
Santa Maria é um dos locais que baliza minha construção. Por muitos anos encaminhei ( e muitas vezes levei) doentes para o Hospital Universitário. Acompanhei a experiência do Consórcio. Dário Pasche e eu experimentamos/desenvolvemos apoio institucional para uma equipe gestora da saúde da cidade. Tenho acompanhado o movimento de regionalização que o HU e a CRS estão desenvolvendo.
Que significa a expressão Redes nestes contextos? É esta prática que nos convoca a pensar e agir (no coração do Rio Grande)
Abração.Liane
Tenho tido o prazer de conviver em alguns momentos do Curso de Especialização em Humanização com esta MULHER INCRÍVEL que é a Liane. Desde o primeiro EPD em Ijuí, fiquei impressionada com suas idéias, com a maneira fácil como ela as expõe e com a pessoa simples, carismática e inteligente que ela é.
Colocar em vídeo a Liane falando sobre Redes dá chance para as pessoas que não têm oportunidade de ouví-la ao vivo, poderem conhecer um pouco de seu pensamento e desfrutarem de sua companhia, ainda que virtualmente.
Se Rede pode ser definida como um conjunto de nós interconectados, a Liane certamente está fazendo uma grande rede interconectada com suas idéias, aqui, neste espaço democrático.
Um grande abraço.
Clara – Passo Fundo – UPMinuano
Por Liane Righi
Sabe Clara, aquela história de que falar é fácil, difícil é fazer… Neste caso, não está sendo fácil nem falar. Há um mundo de inconsistências nas nossas produções, mas há a aposta de que mudanças são possíveis.
Obrigada por me veres como uma representante deste movimento entusiasmado.
Redes? Em Passo Fundo? Em terra de macho não tem rede. Esse negócio de tecer, produzir o comum, é coisa da influência dos paulistas. Esse tal encontro que aumenta a potência, então, aqui pros gaudérios é bem outra coisa. Aqui é facil identificar o vivente: macho é macho, prenda é prenda, hospital é hospital e postinho é postinho. Nada de misturar as coisas. Cada um faz bem a sua parte que fica tudo certo.
A brincadeira pode ser com Passo fundo ou com qualquer lugar ou situação que tem muita identidade e que aposta no instituído. Como Passo Fundo lembra estas situações, sobrou para o teu comentário a brincadeira.
Obrigada pela generosidade, Clara.
Abraço. Liane
Por Cira Lopes
Gente é bárbaro ouvir Liane, mais alimento para nossa construção em redes, como produção e promoção em saúde.
Esta semana fizemos um turne na Fronteira Oeste – RS, observando nosso cenário regional.
Provocamos esta sensibilização para melhor discutir e avaliar, qual o melhor molde para a resolutividade das ações.
É fundamental a valorização do coletivo quando todos participam dessa construção.
Cira Lopes HumanizaPAMPA.
Por Liane Righi
Querida Cira,
Neste momento, importa provocar conversas, ver como a gente pode ir se infiltrando, provocando mudanças, criando condições para que os sujeitos se encontrem. Você fala da Fronteira Oeste e eu penso em como superar as diferentes distâncias.
Abraço da Liane
Por Losekann
Assistindo a entrevista da Liane, reforço a minha percepção do quanto é forte a prática do "eu só faço isso" e fico extremamente preocupada. Os gestores, geralmente, não estão dispostos a negociar com os diferentes pontos da rede e discutir no coletivo de que forma resolveremos determinados nós. Falta Rede? Falta acionar a Rede.
Trabalho com Acolhimento e Classificação de Risco e escuto diariamente reclamações de que a rede básica não atende, não troca sondas, e outros. Conhecemos muito pouco a rede e falamos muitas vezes sem conhecimento de causa. Muitos acham que trabalhar no acolhimento é fácil, existe um rol de encaminhamentos e é só entregar o endereço certo para a quiexa certa. Precisamos mais, muito mais, precisamos desenvolver a "inteligência coletiva" como diz a Liane, conhecer o que é ofertado e ter consciência de que naquele serviço o usuário vai ter atendimento e resolutividade.
Acredito que a Rede terá grandes avanços quando começarmos a deixar a hierarquia de lado e seguirmos o modelo tecno-assistencial do círculo, citado por Cecílio. A emergência pode ser uma entrada do usuário na Rede, precisamos desmistificar essas questões e tornar o acesso possível e menos burocrático.
Maristela Losekann
UP HumanizAlegre (comemorando o aniversário de Porto Alegre)
Refletindo sobre sua fala uma coisa é certa e evidente. Somente nos apropriando de conhecimentos não aqueceremos e/ou formaremos redes. É preciso ação, neste caso sair do lugar que ora habitamos, ir para rua como refere Passos. Provocar, promover e oportunizar o encontro, pois, aproximando sujeitos interna e externamente aumentam as possibilidades de conexão, criação de novos nós na rede de atenção a saúde.
Nessa perspectiva, o trabalho consiste em algo permanente e com significado tendo como alvo a produção de saúde gerando vida.
Liane, obrigada por existires e por partilhar o conhecimento que nos orienta e instiga enquanto trabalhadores a pensar, lutar e produzir saúde de qualidade para todos.
UP HumanizAções
Liane
Por JudeteFerrari
Liane e Simone,
Que prazer escutá-las! Que conversa que faz a gente pensar sobre as conexões e os sujeitos. Parece-me que trazer a subjetividade das práticas da saúde, ganham neste discurso maior potência. Somos gente: cidadãos, trabalhadores, gestores; gente que está nos equipamentos por motivos diversos. Uns vão para resolver problemas, outros vão para encontrar gente. Quase sempre para produzir significados e sentidos.
Temos muito caminho pela frente para esquentar de sujeitos e coletivos, as nossas práticas de saúde. Ainda existem muitas inovações a serem construídas e tantas outras que tem feito a diferença. Esta rede e esta possibilidade de estarmos no pátio do Rio Grande com duas grandes referências, com direito a João-de-barro, é uma prova concreta da inovação. Uma senda desta estrada que está na capacidade de entrarmos na alma de quem faz o SUS. Ao ouví-las, comprovo a grandeza da PNH. Ativa, próxima, aquecendo a trajetória da democracia em saúde.
Judete Ferrari
Por Luciane Régio
Obrigada! Revendo… Este vídeo é um presente que renova o "gás" na reta final do curso de Especialização em Humanização da atenção e gestão do SUS (ESP/RS-MS-UFRGS). Trabalhando arduamente no artigo, dispositivo GTH/SMSAS – São Sepé…
Eu lembro de estar passando para a aula do EPG… e vê-las fazendo este vídeo!
Com certeza, Simone e Liane, duas pessoas incansáveis nesta caminhada do HumanizaSUS, em redes…de redes… de redes…
Abraço,
Luciane Régio Martins Bianchin
UP HumanizAÇÕES
Por Eliana Elisa Rehfeld Gheno
UP Missioneira
Ajuricaba / Nova Ramada/RS