Para que servem os peritos?
Para que servem os peritos?
“Já vem mais uma reclamar”.
“Corja de vagabundos que só quer comer às custas dos outros”.
“Isso é seu sua lerda”.
“Senta e fica quieta”.
“Você tá gorda, vai trabalhar na roça pra emagrecer”.
“Tá pensando sua mentirosa”.
Certamente não é função de um perito dizer essas coisas a uma pessoa doente, com um quadro grave de TOC que, no momento, a impossibilita de trabalhar como empregada doméstica em razão das infinitas repetições que se sente compelida a fazer, o que também a impede de cuidar da própria casa. Depois de conseguir afastamento do trabalho uma vez, este foi negado nas sucessivas vezes posteriores e, na última tentativa, ouviu do médico perito essas frases durante a entrevista.
A paciente anterior saiu da sala chorando.
A paciente que fez esse relato, ao entrar na sala foi recebida com: “Já vem mais uma reclamar”.
Uma pessoa simples, da roça, humilde, já constrangida e ansiosa pela própria situação, submetida a um nível brutal de angústia, sendo um de seus sintomas levantar, ajeitar a cadeira e sentar novamente, ouve do médico: “Senta e fica quieta”. Seria o mesmo se ele brigasse com um paciente porque tossiu, espirrou ou está com febre.
Entregou um documento errado: “Isso é seu sua lerda”.
Não conseguia dizer quando começou seu problema: “Tá pensando sua mentirosa”.
Não consegue trabalhar como doméstica: “Você tá gorda, vai trabalhar na roça pra emagrecer”.
E mais: “Vocês são uma corja de vagabundos que só quer comer às custas dos outros”.
Se existem pessoas que fingem doenças para conseguir benefícios indevidos, a função do perito não é justamente avaliar e identificar os verdadeiros doentes que tem direito aos benefícios?
Não foi a primeira vez que essa paciente passou por uma situação assim. Um médico perito anterior a mandou carpir quintal se não pode mais trabalhar como doméstica.
E esta não é a única paciente a relatar coisas desse tipo.
Os peritos do INSS devem estar precisando de afastamento do trabalho por estresse.
O que se pode fazer para a política de humanização chegar à perícia médica?
Por Cláudia Matthes
apesar dos km rodados,e, por ser funcionária pública redobrar o cuidado com a população sus, não houve momento pior do que o momento que precisei visitar o INSS e solicitar a pensão por morte do meu esposo. Reticências, nem vale a pena levantar a lebre…
enfim,
Peju