Contando a história das histórias…

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As maneiras de ver e narrar, uma, mas também todas as vidas, são sua própria essência. No que diz respeito aos humanos e a limitada perspectiva com que podem ver o que há, o mundo é a realização da potência de descrevê-lo. Uma subjetividade é a objetividade que surge de narrar e valorar o mundo que nos chega aos sentidos.

O mistério transcendente é o horror em histórias de náufragos, como os Contos do Cargueiro Negro (inseridos na série de história em quadrinhos Watchmen, escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons), os sombrios poemas de Edgar Allan Poe, o romance A Estrada de Cormac McCarthy, os muitos sonhos escritos por Lovecraft… Todos eles são contrastados pela bela fábula Life of Pi, ou As Aventuras de Pi, no Brasil.

Baseado no romance de 2001, de mesmo nome por Yann Martel, que por sua vez foi inspirado no livro Max e os Felinos, do escritor gaúcho Moacyr Scliar. O filme é dirigido por Ang Lee e baseado em um roteiro adaptado por David Magee.

Recomendo a todos. Para mim é uma sequencia e uma feliz consequência em numa série de leituras e vivências literárias que tenho experimentado. Elas abordam o lugar dos humanos em meio a diversidade da existência. Interessa-me o papel de seus mitos, suas ilusões e preconceitos, expressos na forma de narrativas que torcem a perspectiva da existência na direção das sombras ou da luz. Pi vai das trevas do Carma em direção a Luz.

Se não podemos passar sem mitos, podemos abrir-nos a grandeza do cosmos, em troca da humildade de não nos vermos como o centro do mundo.