A diversidade das crenças
É um desafio ensinar na e para a diversidade cultural. A maioria de nós cresceram em famílias cristãs. Isso implica em aceitarmos como verdade de fé que o ambiente foi criado pelo mesmo Deus que criou a humanidade. E que somos como que senhores e curadores dos recursos naturais, incluindo todas as demais formas de vida.
Mas a fé cristã é bastante diversa e há muitas correntes teológicas divergentes, mesmo entre católicos. E entre os católicos e os demais credos cristãos, protestantes luteranos e pentecostais, além dos gnósticos, existem muitas diferenças no que é tido como verdade teológica.
A ciência, embora se pretenda isenta de fundamentos teológicos, tem sim premissas metafísicas. O pensamento científico é influenciado por formas de pensamento teológico, como a crença no progresso e no significado da centralidade divina dos humanos em meio a diversidade da vida.
De qualquer modo, juízo de valor e juízo de fato são conceitos bem definidos no saber científico. O que sabemos em ciência é bastante modesto se comparado as saber religioso. A questão central é que a religião é um fenômeno humano tão diversificado, quanto qualquer outro aspecto da nossa natureza.
A regra entre os humanos é a divergência sobre quais modos de vida são éticos, morais e satisfatórios. O paraíso de uns é o inferno de outros. Para uns a consciência e o livre arbítrio andam lado a lado. Para outros o caminho é o que surge de uma visão clara das coisas. Para estes é esquecendo-se do self que, podemos inconscientemente, encontrar a conduta mais eficaz. Habilidade é mais importante que a consciência para centenas de milhões de pessoas que acreditam na doutrina do taoismo, por exemplo.
Assim, maioria das pessoas no planeta não é composta de cristãos. Muitas ainda professam a fé animista de que os humanos são apenas um espécie a mais no mundo. Segundo esta forma de ver o mundo, a humanidade não possui um lugar privilegiado e não tem direitos de tutela, nem de uso, sobre o ambiente.
As religiões de origem africana são cultuadas em sincretismo com a fé católica justamente para atenuar o absolutismo do monoteísmo cristão. Mas claramente as forças da natureza são divinizadas e cultuadas como superiores ao espírito humano.
Na fé dos caçadores coletores, nossos ancestrais, o ser humano poderia se integrar a natureza. Jamais domina-la. O mistério é que era divino. Não a certeza.