VER-SUS 2014 EM VIVÊNCIA DE APRENDER E ENSINAR
Na manha deste domingo (12/01/14), foi dada a largada do VER-SUS, aqui na cidade de Fortaleza, nestas primeiras chuvas de janeiro, do ano de 2014. E a Estratégia Cirandas da Vida, através da Coordenadoria da Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (Cogtes), da Secretaria de Saúde de Fortaleza, juntos e misturados nesta vivência.
O VER-SUS, projeto do Ministério da Saúde, em articulação com entidades estudantis, universidades e secretarias municipais de saúde, tem por objetivo oferecer aos estudantes estágios de vivência multidisciplinar na área da saúde e áreas afins no âmbito do SUS e da reforma sanitária brasileira, propiciando 15 dias de vivências nos territórios, movimentos sociais e na rede de atenção, com o intuito de possibilitar uma imersão na realidade do Sistema Único de Saúde. Uma visão de futuro do projeto aponta para a ideia de que os futuros trabalhadores exerçam sua profissão de forma integrada e multiprofissional. Neste sentido, a finalidade do VER-SUS é construir reflexões para um conceito de saúde ampliado em meio aos estudantes participantes, incentivar a participação em movimentos estudantis e outros movimentos sociais, além de fortalecer a ideia de trabalho multiprofissional e interdisciplinar. O apoio que as Cirandas da Vida ensejam, no contexto da educação permanente, da Secretaria de Saúde de Fortaleza também encaminha e sugere o encontro dos saberes, a valorização do diálogo entre o saber acadêmico e o saber popular de saúde, na interface educação popular e educação permanente. Arte, cultura e saúde encruzilhando caminhos, vivências e práticas.
Na abertura, as Cirandas da Vida e os estudantes entraram no “Trem da Educação Popular”, uma vivência de acolhimento animada pelo “maquinista” Jair Soares e demais “tripulantes” das Cirandas da Vida, (Mayana Dantas, Josenildo Nascimento e Elias José da Silva), presentes.
O NOSSO TREM VAI SEGUIR VIAGEM
E VAI PASSAR EM TODO LUGAR
QUEM TIVER NO MEIO DO CAMINHO
DÊ SINAL PRA PODER ENTRAR
Na forma de vagões, em movimento de cantar e se acolher, seguiu o trenzinho. A cada sinal, uma parada e os “passageiros” com a palavra:
Eu sou Anderson, Rafael, Talita, e Juliana
E faço parte de uma instituição muito bacana
Estou cursando enfermagem e outras “trilhas humanas”
E o lugar de onde venho é parte do que sou…
Em outras palavras, todos se acolheram e se abraçaram, no curso dessa viagem que encaminha para a construção compartilhada do conhecimento, com diálogo e amorosidade.
Após a vivência de acolhimento, o “cine clube Ver-Sus” já estava pronto para projetar o vídeo “Nas asas da arte”, documento que conta como foi a Caravana da Equidade e Educação Popular em Saúde, ação das Cirandas da Vida com a Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde (Aneps), Web Rádio AJIR, OPAS e Ministério da Saúde. A experiência da Caravana da Equidade e Educação Popular em Saúde aconteceu no segundo semestre de 2012, no Estado do Ceará, como estratégia de anunciar a mais nova política de saúde: a Política Nacional de Educação Popular em Saúde. O contato dos estudantes com o conteúdo da Caravana, exposto no vídeo, gerou as seguintes “reações” expressadas em palavras geradoras:
Popular – Arte – Sonho – Olhar – Vivência – Amor – Vida – Satisfação – Partilha – Troca – Equidade – Encontros – Autonomia – Transformação – Mudança – Humanização – Universalidade – Estudo – Alegria – Esperança – Motivação – Inquietação – Educação – Movimento – Reflexão – Dedicação.
Com estas palavras geradoras, os participantes compartilharam suas impressões e sentimentos frente ao conteúdo do vídeo e aos desafios de suas imersões nos territórios:
“O saber popular e o diálogo entre o conhecimento acadêmico e popular permite olhar e ver a vida de forma mais humana”;
“Existem outros saberes, que no saber da vida de cada um, ajuda para maior compreensão da vida de todos”;
“Valorização do saber popular e predisposição para experimentar e aprender”;
“Produzir o conhecimento juntos”;
“Todo mundo é igual e diferente”;
“Organização como meio para transformar”;
“E preciso estar aberto e querer mudar as práticas e relações no trabalho”;
“Atenção que se ver, no sentido da educação e humanização. Não é só método, não é técnica que gera uma saúde mais perto das pessoas”;
“Eu vi a universalidade em atos e palavras”;
“Artistas do cuidado. Eu me lembrei de uma experiência que acontece no Iguatu, ao assistir o vídeo. Também vi a potência dos movimentos sociais”;
“É um olhar o sentimento”;
“Alegria, mistura causa e esperança, gera atitude”;
“Estar de mãos dadas”;
“Trabalha os conhecimentos. Percebi a PNEPS como grande conquista”.
Esta roda de conversa
Gerada de vivências e palavras
Foi chegando aos seus momentos finais
Com muita sabedoria e disposição
Para neste trem seguir viagem
As palavras fixadas em tarjetas, os olhares fixos em conexão de afetividade… Toda esta sinergia levou o educador popular a sair de seu lugar. Em atitude de ir ao encontro, pegou a palavra “arte” e convidou uma participante a ficar de pé, e de mãos dadas dialogou: “quando vamos ao encontro do outro, qual significado essa atitude produz?”. Além de conhecer o outro, seus valores e significados, será que não se está indo ao encontro de si mesmo? Um abraço que se troca, um olhar que se lança sugere partilha de afeto, sugere atitude de “sair de si e voltar pra si”. O “eu” se resolve na relação com o “nós”. Ir ao encontro uns dos outros, ir aos territórios… O verbo é IR.
Cada participante saiu de si, pegou uma tarjeta com a palavra expressa e foi ao encontro de outra pessoa, com ela se comunicou de forma livre e trocaram olhares e abraços. Houve tato, contato, olfato, visões e escuta nesta experiência. E as palavras geradoras se transformaram na comunicação, que não se encerra numa manhã, apenas principia dias e noites que virão, nesta imersão pelos caminhos do SUS que é gente, que é serviço, que é desafio, contradição, vida e sofrimento, trabalho, missão, carreira e peleja no movimento de cada lugar.
E uma grande roda se fez e se fará
De mãos dadas a cantarolar
E sem soltar as mãos e o olhar
Vamos ao encontro de afetar
Pois quando te vejo e te abraço
Dou um passo pleno na direção
Do universo – ser humano e seu devir
Na dimensão do pensar e agir
E se juntos quisermos prosseguir
Vamos lá pra ver o que será!
Síntese construída durante e após o encontro de abertura do Ver-Sus 2014, em Fortaleza.