A nossa história é sempre a mesma, só muda o personagem: Gênero masculino, álcool e outras drogas.
A Nossa História é Sempre a Mesma, Só Muda o Personagem: Gênero Masculino, Álcool e Outras Drogas.
Raphael Henrique Travia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Orientação:Josiane Steil Siewert
Resumo:
Entre o público atendido pela saúde mental o dependente químico é marginalizado, pois a doença é interpretada como conseqüência do poder de escolha. Veiculando algumas propagandas em diversos meios de comunicação, a mídia impulsiona o consumo e comércio de substâncias prejudiciais à saúde para alienar a sociedade e obter lucro. Como conseqüência dessa alienação os acidentes de trânsito e a violência urbana fazem suas vítimas. Através da pesquisa qualitativa que foi realizada entre os meses de março e maio de 2010, em grupo focal formado por dez usuários do sexo masculino com idade superior a 18 anos em tratamento no CAPS AD localizado na Rua Eugênio Moreira n° 400, Bairro Anita Garibaldi, Joinville-SC foi possível investigar o impacto da propaganda nas mídias de massa como instrumento de promoção e incentivo ao abuso de álcool e outras drogas, principal objetivo deste estudo. Observou-se ainda nas discussões temas relacionados à família e sexualidade. Concluiu-se que o tratamento oferecido por meio da Estratégia Redução de Danos, praticada no CAPS pesquisado, ainda e pouco eficaz, por falta de investimento governamental, comunicação, cooperação da família e dos outros serviços substitutivos que ainda marginalizam os dependentes químicos, predestinando seus usuários ao fracasso por transmitirem a mensagem estampada em seus rostos sofridos de que “a nossa história é sempre a mesma, só muda o personagem”.
disponível em https://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/3009
Por Marco Pires
Numa sociedade organizada pela promessa de felicidade universal, prazer ilimitado e progresso contínuo, as drogas nunca poderão ser plenamente liberadas. Isso revelaria uma verdade que ninguém se dispõe a admitir, ainda que seja uma obviedade:
– Nunca todos, ao mesmo tempo e o tempo todo, serão felizes. Os desejos humanos são muito diversos e contraditórios. Medidas diferentes de intensidade tornam virtudes em vícios. Esperar que todos zerem seus cronômetros e que a harmonia se torne a regra é uma esperança, um horizonte que se afasta um passo, a cada passo que avançamos.
Se a plenitude é inalcançável, e o modelo de vida que expressa o consenso sobre a felicidade está inacessível para a maioria, muitos irão buscar o prazer onde deveria haver amor, o consolo das coisas onde o necessário seria o calor humano.
Em doses variadas, na verdade, queremos tanto uma cerveja, quanto namorar a modelo da propaganda. E comodamente vivemos com o que temos. Se tivéssemos sabedoria, aprenderíamos a amar a quem nos tem e quem temos. Os que chutam tudo para o alto e vão direto a liberação de dopamina e serotonina no cérebro, são desprezados por que denunciam nossa frágil ilusão coletiva.
É preciso haver uma guerra as drogas, justamente por que essa guerra nunca poderá ser vencida…