Pai canguru
(Foto: Mauricio Bazílio)
Acho que a imagem fala por si!!
Encontrei a matéria da imprensa RJ, e resolvi compartilhar. Abaixo transcrevo o que está nestas fontes https://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=1996283, https://catracalivre.com.br/geral/saude-bem-estar/indicacao/pai-canguru-acolhe-o-filho-pre-maturo/
PROJETO PAI CANGURU PROMOVE ABRAÇO ENTRE PAIS E BEBÊS INTERNADOS EM INCUBADORAS
17/03/2014 – 16:23h – Atualizado em 17/03/2014 – 16:30h
» Ascom da Secretaria de Saúde
Iniciativa do Hospital Estadual Rocha Faria quer estreitar vínculo entre pai e bebê
Trinta minutos foram suficientes para estreitar o laço entre pai e filha, interrompido por um período de um mês de internação em uma UTI. Thiago de Oliveira e a pequena Ágata Vitória, de apenas 50 dias, não puderam ter contato logo após o parto, mas agora estão recuperando o tempo perdido durante as visitas do projeto Pai Canguru, que funciona no Hospital Estadual Rocha Faria (HERF), em Campo Grande. Enrolados com faixas de atadura, pai e filha desfrutam de alguns minutos, juntinhos, em um contato pele a pele que parece agradar muito a ambos.
O método Canguru foi criado para tornar possível o contato mais próximo entre os pais e o recém-nascido prematuro, promovendo a interação, fortalecendo o desenvolvimento psicoafetivo do bebê e garantindo aos pais a segurança necessária para cuidar e diminuir o sofrimento de seu filho nesta etapa delicada. Quando realizado pelo pai, o método também pode ajudar a transmitir à mãe a certeza de ter ao seu lado um companheiro que vai apoiá-la nesta fase.
– Quando ela foi pra UTI, achei que não íamos ter contato tão cedo. Na transferência pra Unidade Intermediária (UI), me informaram que eu podia participar do Pai Canguru e fiquei feliz. É muito bom ver de perto que ela está evoluindo, que daqui a pouco estará com a gente em casa. A sensação de encostar na pele dela, esse contato é muito legal. Ela fica calminha quando estamos juntos. Acho que está feliz – afirmou Thiago.
O projeto – Para participar do Pai Canguru, os bebês precisam estar em boa condição de saúde, sem uso de oxigênio e punção venosa. Os pais começam ficando com o bebê enrolado durante 15 minutos, podendo ficar mais tempo de acordo com a evolução da criança. É permitida a visita diária, em horários pré-estabelecidos. Os profissionais envolvidos no processo foram treinados para garantir que o método seja exercido com segurança.
– Nossa ideia é oferecer melhor suporte de carinho ao bebê, aumentando o vínculo afetivo entre o pai e a criança. Essa ação já é feita há muito tempo com as mães cujos bebês estão internados nessas unidades, mas com o tempo percebeu-se a necessidade de incluir o pai nesse contexto, fazendo a integração da família inteira. É importante o pai estar junto em todos os momentos. Eles são convidados por nós e temos percebido boa receptividade. Muitos têm receio de infectar a criança, por estarem vindo da rua, mas é importante que o bebê crie anticorpos que serão importantes para viver a realidade futura, fora do hospital – esclarece a coordenadora da Neonatologia do HERF, Maria Angélica Svaiter.
Ágata Vitória nasceu aos seis meses de gestação, com baixo peso e muita preocupação da família. Hoje, a menina se recupera bem e aguarda os atuais 1,435 kg subirem para 2kg para, enfim, ter alta hospitalar.
– Quando a minha mulher passou mal, eu vim trazê-la no hospital e nunca imaginei que a minha filha já ia nascer. Quando colocaram ela na maca e vi que ia parir fiquei muito assustado. A neném foi direto pra UTI e eu vinha visitá-la, ficava só olhando. Agora eu posso tocá-la, fazer carinho. Quem fica com inveja é minha mulher, que viu as fotos da gente juntos e ainda não ficou com ela dessa maneira – brinca Thiago.
Por patrinutri
Prematuro recebe afeto de 'pai canguru'
Com a participação paterna, a recuperação do bebê é mais rápida, afirma médica
15 de março de 2014 | 20h 21
Clarissa Thomé – O Estado de S. Paulo
RIO – Heitor nasceu aos sete meses de uma gestação até então tranquila. Tinha 40 centímetros e pesava 1,625 quilo. Com pré-eclâmpsia e pancreatite, Caroline de Souza, de 27 anos, teve de ser operada às pressas e foi direto para a UTI. Coube ao pai, o aplicador de película para vidros Carlos Vinícius de Lima Silva, de 29 anos, o papel de acolher Heitor – primeiramente com carinhos na incubadora, até poder depois aninhar seu filho no colo.
Veja também:
link Vídeo: Conheça a estratégia 'pai canguru'
Silva, com seu filho Heitor (à esquerda), e Monteiro Junior, com a pequena Eloah
Marcos de Paula/Estadão
Silva, com seu filho Heitor (à esquerda), e Monteiro Junior, com a pequena Eloah
Silva é um "pai canguru", uma adaptação da estratégia de assistência ao prematuro em que o bebê é retirado da incubadora em alguns momentos do dia para ter contato pele a pele, geralmente com a mãe.
Heitor nasceu na Maternidade do Hospital Rocha Faria, primeiro da rede estadual do Rio a ter o "pai canguru". Hospitais da rede municipal e federal já oferecem esse atendimento. "Os bebês têm a recuperação mais rápida quando o pai participa do processo. Mas a grande função é a integração da família. O pai passa a participar mais dos cuidados", afirma a coordenadora de neonatologia da unidade, Angélica Svaiter.
Silva diz que logo depois do nascimento do filho, mal olhou o bebê. "Minha prima morreu de eclâmpsia, eu só queria saber se minha mulher estava viva", lembra. Quando o bebê ficou estável e deixou a UTI, as sessões de canguru começaram. Três vezes por dia, Heitor é preso ao corpo do pai com ataduras. Ficam ao menos uma hora assim, três vezes por dia. "A primeira vez foi indescritível. Dá para sentir o batimento do coraçãozinho, o calor do corpo", conta. Na quarta-feira, Heitor chorava na incubadora, mas acalmou-se quando foi para o colo do pai. Silva se afastou do trabalho.
A estudante Raiane Batista Martinez, de 16 anos, diz que a filha, Eloah, ganhou peso mais rápido depois que passou a ter contato com o pai, o vendedor Sidney Monteiro Júnior, de 22 anos. Aos dois meses, ela pesa 1,8 quilo, mas nasceu com somente 950 gramas. "Eles estão mais ligados. Ela é a vida dele. Hoje ele troca fralda, segura a seringa para dar o leite", afirma.
O Ministério da Saúde estabelece uma meta de internação em UTI neonatal por, no máximo, 14 dias. Em 2012, esse tempo chegava a 22 dias no Rocha Faria. Baixou para 13, em 2014. "Seguimos as boas práticas: o bebê mama na primeira hora de nascido, temos estratégia canguru, oferecemos o ofurô, shantala (massagem). Tudo isso contribuiu para o tempo de internação menor", diz Miliene Evangelista, coordenadora de enfermagem da UTI neonatal.
Família. A estratégia canguru se mostrou tão eficiente que o Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz, ampliou a técnica também para as avós – é a "família canguru". Em 2012, foi inaugurada a Unidade Canguru, fora da UTI, para esse tipo de atendimento.
"Os colombianos são os criadores do método canguru. Fomos a Bogotá conhecer o trabalho e, por lá, a experiência é com a família toda. Tem muita mãe adolescente, solteira, e a avó participa dos cuidados. Essa é uma realidade próxima da que temos na população de baixa renda do Rio", diz João Henrique Leme, chefe de atenção clínica ao recém-nascido do IFF.
Na Unidade Canguru, as mães passam o dia com os bebês junto ao corpo. Pais têm livre acesso. Para que a mãe não fique estressada com o longo tempo de internação, a avó fica com o bebê enquanto ela sai. "Com a ‘família canguru’, o bebê ganha peso e há fortalecimento do vínculo familiar", resume Leme. Cem bebês já passaram pela Unidade Canguru.