MORTE DE UM POETA (quadra funda)

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Por Ray Lima

 

Quando morre um poeta

o homem morre junto,

perde substância e criação,

de seu encanto a vida  abdica.

 

Quando morre um poeta

o mundo fica mal, reduz-se

ao pragmatismo do poder incontido

do ser violento, avarento, banal.                                          

 

Quando morre um poeta

a natureza fica, mas o homem embrutece,

amiúda-se, deixa escapar a maior dimensão –

a poesia -, e reinar a fera, (seu outro animal).

 

Sem poesia: homem é ave de asas cortadas;

chão sem húmus, cão sem faro, fonte sem água;

e ferido na alma vaga infame, sem lume, rumo,

atrás de ser sem ver, sentir, nem saber o que é.