O Jornal da Tarde trouxe na edição de domingo a opinião de
AFONSO C. NEVES, Especialista em humanização da Unifesp sobre a importância da visita aos internos nos hospitais.
‘NÃO SUBSTITUI A VISITA NORMAL’
Qual o impacto das visitas na recuperação dos pacientes?
Não conheço estudos desse tipo, mas temos os dados do cotidiano. É nítida a diferença que faz no bem-estar do paciente, ele se sente melhor. Durante uma internação, além do sofrimento físico, a pessoa tem de conviver com o sofrimento psicológico, a solidão, a
autoestima abalada. As visitas atenuam esses sentimentos. E a pessoa estando otimista adere mais facilmente ao tratamento, a resposta é melhor. As defesasdo organismo reagem quandoo paciente adota uma atitude positiva em relação à fase que está
vivendo.
Qual sua opinião sobre as televisitas?
Tem dois lados.Ao mesmo tempo que é uma situação interessante, não substitui a visita normal. É muito bom que o paciente tenha contato com as pessoas por meio virtual,mas não é o mesmo queuma presença física. As relações familiares, sociais e de carinho são mais importantes.
Há quem evite visitar doentes no hospital por receio de incomodar, que a pessoa pode estar indisposta. O que fazer?
A maioria das pessoas gosta de receber visitas. Garanto que é melhor ir do que deixar de visitá-la. O paciente precisa desse carinho, dessa atenção. Geralmente, quando um doente só quer encontrar familiares ou pessoas mais íntimas, os amigos são
avisados de alguma forma. Mas isso é uma exceção.
Como é o trabalho de visitação que o senhor desenvolve com seus alunos?
Temos grupos de profissionais da saúde que visitam pacientes em hospitais públicos só para conversar, fazer companhia, espantar um pouco a solidão. É uma tentativa de tornar o ambiente hospitalar menos formal e mais agradável.
