SESAPI divulga novos dados sobre microcefalia
Em todo o Estado do Piauí foram notificados 53 casos suspeitos de microcefalia relacionadas ao Zika Vírus. O problema é preocupante e fez o governo do Estado decretar situação excepcional de emergência em saúde pública pelo período de 180 dias.
Compartilho uma matéria sobre o assunto, publicada ontem (05)
Saúde divulga dados atualizados sobre Microcefalia
A Secretaria de Estado da Saúde atualiza hoje (5) os números referentes aos casos de microcefalia. O primeiro boletim epidemiológico do ano mostra que no Piauí que foram notificados 53 casos suspeitos de Microcefalia relacionadas ao vírus Zika, com dois óbitos suspeitos. Os dados foram copilados até o dia 3 de janeiro.
Até o momento, foram notificados casos suspeitos da doença em 20 municípios do Estado. E, para acelerar as ações de combate, o Governo do Estado decretou situação excepcional de emergência em saúde pública no Piauí pelo período de 180 dias.
O Decreto 16.327/2015 possibilita a execução imediata do plano de contingência da dengue, chikungunya e zika vírus elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde. Serão investidos R$5,5 milhões nas ações.
Medidas urgentes já foram colocadas em prática, como a instituição do Comitê de Operações de Emergência em Saúde-Microcefalia para investigar as causas que levaram ao aumento dos casos em 2015 em relação a 2014.
Outras medidas previstas no Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia foram adotadas, como a elaboração do Plano Emergencial de Prevenção e Controle da Dengue, Chikungunya, Zika e Microcefalia; implantação das Salas de Coordenação e Controle para gerenciamento e monitoramento da Microcefalia; treinamento de equipes multiprofissionais dos municípios e oficinas descentralizadas de sensibilização sobre Microcefalia nos territórios de desenvolvimento do Piauí.
Por Samara Augusta
Assessoria de Comunicação SESAPI
Por Carlos Rivorêdo
Olá Emília e demais pessoas humanas,
situações de epidemia implicam medidas de caráter emergencial e de contingência para seu enfrentamento. Isto é óbvio. Todavia, esses momentos se prestam também para revisão de políticas para revisão de trajetos e de manutenção do estado de saúde possível para as populações.
Já postei aqui, algumas vezes, o que penso sobre a ideia – para mim equivocada – de extermínio do inseto vetor dessas tragédias coletivas. Repito. É tentativa fadada ao fracasso tentar erradicar insetos contando com a colaboração das pessoas mudando seu cotidiano, seu modo de levar a vida, pelo menos com a rapidez necessária para erradicar as doenças transmitidas pelos vetores. Funciona com esses veículos quando eles são de proliferação pouco célere e em ambientes com grau de dispersão razoável. Para erradicar a dengue, a chicungunya e, agora, o zikavírus, dada a dispersão célere do inseto vetor contaminado, é dar murro emponta de faca.
Já disse isto.
Agora, outros aspectos, vem à tona, diante desse problema.
Não sei como é no Piauí, mas deduzo diante das informações que tenho, que a Vigilância à saúde deve estar, como na grande maioria dos sistemas, centralizada nas sedes das Secretaria Municipais e Estaduais. Erro antigo, sustentado a tradição centralizadora.
Em populações pequenas e com acesso fácil aos serviços pode ser que essa forma de organização centralizada funcione. Agora, com as dimensões do Brasil e a disponibilidade de recursos que temos, advirto com um sonoro NÃO.
A centralização das vigilâncias é uma tolice. Só se presta a manter setores prenhes de corporativismo e inoperância em casos como esses.
Nas minhas andanças pela gestão sempre tentei estabelecer estratégias para a descentralização dessas ações, sobretudo das ações de Vigilância Epidemiológica. Jamais consegui. Em geral, os motivos alegados eram de natureza financeira. Mas, em torno dessas alegações estava a manutenção de um modus operandi tradicional nesses setores. Vigilância à Saúde não se faz diante de um computador e de planilhas de consolidação de dados. Na verdade, quem faz vigilância de fato são os agentes de controle e fiscalização.
Ora, se eles são em número insuficiente para cobrir todo o território, há que ter uma política de ampliação e qualificação de quadros que permita existir uma equipe de vigilância para cada unidade de saúde com apropriação dos territórios correspondentes e fluxo de informações que permita intervenções ágeis e sustentáveis nesses mesmos territórios.
Daí, a reação quando a situação foge ao controle das equipes centralizadas: toca o rebu de convocação de "agentes" de vigilância despreparados para o enfrentamento das epidemias – como acionar Agentes Comunitários de Saúde, Forças Armadas, Voluntários Caridosos de Organização Não Governamentais Filantrópicas, Cruzes Vermelhas, Verdes e de outras Cores, a Legião de Anjos, Arcanjos, Serafins e Querubins. Para ao fim e ao cabo dar em nada ou pouca coisa, pois, o inseto continua a se reproduzir, a se infectar em homens e mulheres infectados e a reproduzir seu ciclo ecológico, talvez morrendo de rir dos homens e de seu desespero ao se manter no erro.
Para mim, desculpem a insistência, enquanto não tivermos vacinas eficazes para enfrentar esses agravos, ficam as opções:
1) Estabelecer o isolamento, pelo menos relativo, das pessoas infectadas;
2) Firmar uma política de descentralização das vigilâncias, a começar pela Epidemiológica, mantendo equipes de vigilância em todas as unidades de saúde, sobretudo da Atenção Básica, estreitamente vinculadas às Equipes de Saúde da Família;
3) Centralizar apenas o apoio logístico e equipes de supervisão para qualificar os grupos descentralizados.
Penso que, ou se faz isso, ou vamos conviver com uma epidemia que persiste e aguardar que a natureza dê conta ela mesma de diminuir a presença dos vírus em questão nas populações humanas.
Beijo todos.
Carlão