Acolher no SUS é uma tentativa de humanizar a Atenção, estabelecer vínculo e responsabilização das equipes com os usuários aumentando a capacidade de escuta das demandas, ampliando a possibilidade de intervenção oportuna.
A sua importância se dá porque o SUS muitas vezes fecha as portas de entrada para o usuário, com a demanda controlada e a estigmatização. Demanda Controlada é quando o Sistema faz com que a população se adeque ao serviço e não o contrário. Uma prática comum é a distribuição de um número de senhas fazendo com que as pessoas durmam em filas e ao atingirem o número de senhas, façam as pessoas voltarem para casa. Estigmatização é quando os profissionais da saúde de acordo com seus ideiais, reprovam populações específicas se tornando fechados a dar atendimento de qualidade para essa população.
Demandas Espontâneas
Demanda Espontânea é o nome dado ao atendimento não programado, ou seja, aquele em que o paciência busca o serviço de saúde e já é atendido. É uma necessidade momentânea do usuário, ele pode estar buscando uma informação, um agendamento de consulta, uma urgência ou emergência.
O pensamento de que as pessoas buscam o serviço porque precisam devem pairar sobre as cabeças dos profissionais. Entender que o serviço pode e deve criar estratégias para a demanda espontânea seja aplicada é essencial.
Acolhimento
O Acolhimento são as estratégias usadas para modificar o processo de trabalho em saúde. Preconiza-se que ao procurar a Atenção Básica, o usuário seja escutado, o profissional da saúde aí já cria um vínculo e obtém respostas sobre qual a necessidade que o usuário tem. É papel dos profissionais da saúde acolher, escutar e dar respostas adequadas a cada usuário.
O acolhimento também quebra a necessidade excessiva de consulta médica. Na recepção do serviço, o usuário ao ser acolhido pode ter sua necessidade resolvida muitas vezes sem precisar passar pelo médico.
Acolhimento da Pessoa Trans
Se por um lado o processo atual de trabalho dos sistemas de saúde precisam dificultam o acesso da população em geral, por outro, os grupos estigmatizados da sociedade sofrem muito mais. Demandas dos LGBT’s, em especial a pessoa Trans, muitas vezes não são bem vistas pelos profissionais da saúde, fazendo com que essa população não procure os serviços de saúde e se tornem mais vulneráveis.
A pessoa trans é socialmente estigmatizada, sofre com preconceito, discriminação, são expulsas de casa, têm mais dificuldades de arrumar empregos, e isso faz com que necessitem mais de serviços de saúde, já que as vezes a única saída é trabalhar com prostituição. Assim, há uma necessidade de saúde são maiores. Precisam de aconselhamento quanto sua identidade de gênero, apoio psicológico e incentivo a proteção a DST’s, dentre outros. Mas se a estigmatização é tão grande, que eles não se sente a vontade para procurar os serviços. Então como abrir as portas para essa população?
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, tem um espaço de acolhimento para mulheres trans. Esse espaço foi criado pelo Serviço Social e visa a reestruturação dos Serviços para essa população, visando a construção de dialogo com as usuárias e reconhecer suas demandas, construindo um plano de cuidado que contribua com a desconstrução do olhar patologizante sobre a pessoa trans. Teve bons resultados e com a criação de um grupo acolheu essas mulheres.
Acolher é um desafio aos trabalhadores da Saúde, é um importante que se repense os valores éticos, culturais, morais, evitar transpor barreiras e dificuldades e criar formas de garantir que todos tenham acesso a serviço de saúde resolutivos, com dignidade e sempre direcionados aos princípios do SUS.