Profissionais de saúde propõem medidas para reduzir incidência da sífilis congênita
5 votos
A doença pode provocar aborto e causar problemas como má formação, alterações ósseas, surdez, dificuldade de aprendizagem e lesões neurológicas, entre outros
Melhorar o diagnóstico da sífilis durante a gravidez e garantir o tratamento da gestante e do parceiro. Essas são algumas das medidas propostas por deputados e convidados que participaram da audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher que debateu a sífilis congênita.
Atualmente, o Brasil vive uma epidemia da doença, que atinge cinco a cada cem mil bebês nascidos vivos por ano. O número de casos dobrou nos últimos dez anos.
A sífilis congênita pode provocar aborto e causar problemas como má formação, alterações ósseas, surdez, dificuldade de aprendizagem e lesões neurológicas, entre outros.
A deputada Laura Carneiro, do PMDB do Rio de Janeiro, lembrou que a sífilis deixa tantas sequelas quanto a zika, e que sua incidência é ainda maior.
A parlamentar afirmou que não é possível que o País ainda conviva com esse tipo de doença. Laura Carneiro acredita que falta informação para a população:
“Você tem 50 mil casos por ano de sífilis na gestação e 12 mil crianças que nascem com sífilis congênita. É muita coisa em pleno século 21, quando você não deveria ter nenhuma incidência, nenhum caso de sífilis. Eu acho que a gente está muito atrasado, muito mais do que deveria estar, em questões muito simples.”
A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, informou que o aumento do número de casos se deu por falhas no diagnóstico precoce e da falta da penicilina, mas que o ministério já resolveu o problema do abastecimento.
No entanto, persistem outros problemas, como o diagnóstico tardio; a falta de tratamento adequado; e a recusa de muitos homens em seguir o tratamento, podendo infectar novamente a parceira. É o que destaca a obstetra Lucila Nagata, representante da Febrasgo, Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia:
“Existe um trabalho que foi publicado na revista da Febrasgo e que mostrava de 36.615 casos de sífilis congênita, 78% dessas gestantes, dessas crianças que nasceram dessas gestantes, fizeram pré-natal. E 56% dessas gestantes, elas tinham o diagnóstico de sífilis antes do parto. E só 13,3% dessas gestantes tiveram os seus parceiros tratados. Então, eu acho que um ponto que a gente tem que atacar, e uma campanha talvez que tem que valer a pena, a gente tem realmente que fazer esses parceiros se tratarem de sífilis quando as suas esposas, as suas companheiras, tiverem esse diagnóstico.”
O representante do Conselho Federal de Enfermagem, Gilvan Brolini, informou que o Cofen aprovou nota técnica autorizando que técnicos de enfermagem possam administrar a penicilina em mulheres grávidas e que a aplicação poderá ser feita em unidades básicas de saúde, o que era vedado pelo Conselho.
Por Emilia Alves de Sousa
Iniciativa importante e urgente. A sífilis, como a tuberculose que há algumas década estava sob controle, atualmente ressurge com força total. No hospital que trabalho, somente neste mês, chegaram três bebês com diagnostico de Sífilis Congênita. Um deles chegou com o quadro clínico bastante comprometido e se encontra em tratamento na UTI. Uma das mães informou ter feito pré-natal na UBS do seu município, e não ficou sabendo que estava com a doença. Foi feito contato com a Secretaria Municipal de Saúde do seu município para investigação do caso. Onde está a falha? A atenção básica não está cumprindo com o seu papel? A sociedade também não está colaborando? O Poder público muito menos?
Todos os três casos foram notificados para a Vigilância Epidemiológica do Estado para as providências necessárias!
Valeu Sebastian pela importante publicação!
AbraSUS!
Emília