Obediência à Tradição, Ansiedade de Transmissão e Incapacidade Dialógica: beleza, feiura e Metodologias de Aprendizagem Ativa
Acordei numa madrugada destas com uma idéia densa na cabeça, que, penso, merece ser explorada e desdobrada cuidadosamente. A coisa veio como um título:
"Obediência à Tradição, Ansiedade de Transmissão e Incapacidade Dialógica: elementos para uma deselegante interpretação docente de Metodologias de Aprendizagem Ativa"
Claro, um texto como esse precisaria explicitar o que é "Obediência à Tradição", o que é "Ansiedade de Transmissão" e o que é "Incapacidade Dialógica", deixando claro, inclusive, como uma coisa gera e sustenta a outra…
Outra coisa a se fazer é a explicitação argumentativa de como tais elementos impossibilitam uma interpretação docente bonita das "Metodologias de Aprendizagem Ativa". Aqui, vale uma ressalva central: a literatura científica da área fala muito em "Metodologias Ativas de Aprendizagem" e não em "Metodologias de Aprendizagem Ativa". Creio que a nomenclatura em uso majoritário abre espaço para muitos equívocos. Assim como muitos, por falta de rigor, entendem que Paulo Freire, ao criticar uma "educação bancária" está criticando apenas o fato dos estudantes se quedarem sentados nos bancos escolares, perdendo toda a dimensão sócio-política e cultural de sua crítica ao modelo educativo transmissivo, típico das mentalidades produzidas no contexto do Capitalismo, também muitos, ante a nomenclatura "Metodologias Ativas de Aprendizagem", crêem estar diante de uma nova moda didática, que pretende por as pessoas pra "mexer o corpo", "fazer teatro", "fazer dinâmicas", "mexer com argila", "pôr música" etc., gerando certos macaqueios difíceis de aceitar e perdendo a grande dimensão humana do que está em questão no ativo da ação humana, pelo menos desde uma perspectiva antropológica aberta pela tradição fenomenológico-existencial, hermenêutica e dialógica (A ação é o núcleo do Real! Fritz Perls…). Isto é, a aprendizagem é ativa quando se dá no contexto de uma metodologia que privilegia a curiosidade espontânea (pois nascida das questões cotidianas!) do estudante ante o tema que está em pauta (certamente, o próprio processo de escolha de tais temas é, neste contexto, um outro tópico a ser posto em discussão!), provocando-o, dialogicamente, a agir pesquisativamente em direção ao encontro de soluções-respostas consistentes a suas curiosidades e, neste sentido, não sendo a mera repetição PASSIVA de respostas da tradição, mas a construção coletiva ATIVA do novo (que sempre vem! Nietzsche/Belchior). Isso produz ciência como sapiência…
https://herlonbezerra.blogspot.com/2010/03/obediencia-tradicao-ansiedade-de.html
Por Marco Pires
Foi como um impulso. A leitura me agarrou pela intuição de modo que não sei se foi um voto ativo ou passivo. De qualquer modo o gesto me ajudou a construir a idéia, ou me agarrar a ela, de que mesmo intuindo podemos ir sabendo mais.
A intuição não seria um sentimento que não se reduz a passividade ou atividade?