O médico frente a (não)autonomia dos profissionais na Equipe Multiprofissional

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A equipe multidisciplinar de saúde é formada por um grupo de profissionais  que trabalha em conjunto com o objetivo de perceber o paciente na sua integralidade. Ele geralmente é formada por enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, educadores físicos, assistentes sociais e psicólogos. A equipe se configura na mudança do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial. Atualmente esse formato de equipe está presente nos três níveis de atenção a saúde.

Seguindo os preceitos éticos, cada profissionais tem sua autonomia para atuar de acordo com os seus conhecimentos específicos e assim contribuir para o cuidado integral. Entretanto, na prática, se observa uma frágil ligação da equipe multi e uma soberania do figura do médico frente aos outros profissionais e ainda a forte presença do modelo biomédico.

No ambiente hospitalar o princípio da integralidade, preconizado pelo Sistema Único de Saúde, pouco acontece, pois não há a real discussão dos casos pela equipe multi. O médico ainda é o ”manda-chuva” e outros profissionais apenas aplicam suas práticas de acordo com a decisão médica. As chamada ”visitas multi”, que seriam o momento para todos debaterem as reais necessidades e possíveis intervenções para o paciente, torna-se apenas um momento para o médico decidir as condutas.

Assim, as decisões dos médicos passam a ser absolutas e dificilmente são contestadas, pois tem-se a ideia de serem os detentores do saber na saúde.  No hospital, por exemplo, é protocolo a prescrição médica vir escrito os procedimentos que devem ser realizados pelos outros profissionais da equipe, o que afeta  diretamente sua autonomia. No caso da atuação da Fisioterapia, o médico solicita que seja realizado certas modalidades fisioterapêuticas. Entretanto, o fisioterapeuta tem total autonomia e conhecimento para avaliar e decidir qual terapia será a melhor para cada indivíduo, porém acaba não o fazendo por ter que seguir os protocolos do hospital. Neste caso, o paciente acaba não se beneficiando de outras possíveis possibilidades de tratamento.

E qual seria a solução para possíveis mudanças? Bom, no Brasil, país onde a medicina é super valorizada, a mudança vem acontecendo de forma muito discreta. São grandes os esforços de diversas políticas e programas de saúde afim de se ter a integração dos saberes. A própria equipe multiprofissional é um grande passo para se alcançar tal objetivo. E mesmo com seus muitos percalços, ainda é uma das melhores maneiras de se garantir a plena autonomia de todos os profissionais no cenário da saúde. Também espera-se uma mudança comportamental e o reconhecimento do outro como um profissional possuidor do saber e de ampla contribuição para a melhoria da saúde dos indivíduos.

 

Leitura de apoio

TÍTULO: Como médicos se tornam deuses: reflexões do poder na atualidade

Link: https://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v22n2/v22n2a04.pdf

TÍTULO: Inter-relação entre os diferentes profissionais envolvidos

Link: https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/importancia-das-equipas-multidisciplinares

https://https://www.youtube.com/watch?v=w0qvOSD7DJw