Davi Paula da Silva¹ ; Fernanda Baltazar Zumbini²; Jaqueline Clara da Costa Bergamasco³; Sara Bruno Torres Rêgo
¹ Graduando em Enfermagem na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP); ² Graduanda em Enfermagem na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP); ³ Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal do Paraná ( UFPR); 4 Graduanda em Enfermagem na Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Antes de saber como abordar a população LGBTQIA+, precisamos entender alguns conceitos, como sexualidade, gênero, sexo biológico. Assim, a sexualidade é relacionada ao desejo, gênero é como você se sente e sexo biológico é a característica que o individuo tem quando nasce. Visto isso, destaca-se que o acesso à saúde para essa população é precário no que tange a estrutura, educação, assistência social e segurança, gerando, portanto, estigmas e medos que refletem em uma baixa procura de atendimento. Os serviços de saúde devem ser acolhedores, integrais, sem julgamentos, reconhecendo os direitos sexuais e reprodutivos de cada paciente. Dito isso, o atendimento deve ser respeitoso, sem descriminalização, de forma empática, com visão holística, centrada na pessoa, nunca pressupor algo e sempre buscar capacitação.
Diversos marcadores sociais impactam na forma com que determinado grupo social recebe atendimento em serviços de saúde. Assim, conforme maior número de marcadores de determinada pessoa, mais difícil será o acesso pleno à saúde, já que, em um tecido social permeado por diferenciações complexas de gênero, cor, orientação sexual, classe social e poder aquisitivo, é natural que haja um processo discriminatório pautado nesses marcadores. No caso da população LGBTQIA+, a dificuldade em acessar determinados serviços no SUS se dá pelo fato de que em um corpo social marcado pelo espectro heteronormativo e pela definição binária e limitada de gênero, é comum que haja uma tendência da massa, movida por ideais conservadores. Esses ideais visam excluir e estigmatizar essa população por destoar do que foi definido como norma, assim, esse ideal normativo equivocado, estende-se a todos os segmentos sociais, sobretudo na saúde, evidenciando, portanto, não só uma baixa procura por atendimento por parte desse grupo , mas também, no atendimento precário marcado pela discriminaçao por parte dos profissionais da saúde.
Para acabar com estigmas e proporcionar maior acesso à saúde da população LGBTQIA+ torna-se importante a educação sexual, pois trata de assuntos essenciais para a vida, podendo ser lecionada desde a fase infantil, através de aulas dinâmicas explicando o que é amor, carinho, afeto, relacionamentos mais diversos que existem, de uma forma lúdica que interesse às crianças, e principalmente, exemplificando quais partes do corpo podem ser tocadas por estranhos e quais não, evitando que situações de abuso continuem se consolidando e tornando-se comuns. Para os que não tiveram oportunidade de obter essa educação desde cedo é possível tê-la na adolescência, juventude, fase adulta e até mesmo no envelhecimento, nunca é tarde demais para se aprender sobre o amor.
Ademais, entende-se que desde 1985 o Conselho Federal de Medicina do Brasil retirou a homossexualidade da lista de patologias, e em 1990, a seu exemplo, a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças (CID). Mostrando que, mesmo tardiamente, mudanças foram realizadas a partir da constante luta do movimento LGBTQIA+. Contudo, apesar de hoje a homossexualidade não ser considerada doença e haver a criminalização de procedimentos e tratamentos para “curar a homossexualidade”, ainda é recorrente profissionais, sobretudo da área da psicologia, fomentarem práticas de terapia de reorientação/conversão sexual. Por este motivo, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) formalizou por meio da Resolução nº 01/1999 o entendimento de que para a Psicologia a sexualidade faz parte da identidade de cada sujeito e, por isso, práticas homossexuais não constituem doença, distúrbio ou perversão (CFP, 1999). Assim, entende-se que é fundamental que profissionais de saúde respeitem e lutem pela justiça de gênero e sexualidade de quaisquer indivíduos.