Abordando relações trabalho-saúde-doença com estudantes médicos no PAPP/FAMEPP/UNOESTE
A Medicina do Trabalho passou a ter notoriedade, como especialidade médica, já no século 18, por causa da Revolução Industrial. O Programa de Aproximação Progressiva à Prática, da Universidade do Oeste Paulista, no campus de Presidente Prudente (PAPP/FAMEPP/UNOESTE) insere os estudantes da Graduação em Medicina, em oito Estratégias Saúde da Família, nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado, SP, como membros das equipes interprofissionais.
Os Facilitadores utilizam Metodologias Ativas de Ensino e Aprendizagem para criar Planos de Ação que emergem da epidemiologia em saúde, nos territórios adscritos às Estratégias Saúde da Família.
Um dos Planos de Ação, criados pelos estudantes, esteve ligado à Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores, no território da Unidade de Saúde.
A Facilitadora utilizou o Arco de Maguerez para estimular reflexão na ação, após os estudantes conversarem com os trabalhadores, mensurando sua pressão arterial e convidando-os para irem à ESF, para exames de rotina. Acadêmicos, após a busca em referências confiáveis, consideraram, depois do contato com os trabalhadores, de uma empresa do município de Presidente Prudente, que a incorporação de novos olhares e metodologias de intervenção, trazidos pela engenharia, toxicologia, ergonomia e higiene industrial, deu origem ao campo da Saúde Ocupacional.
A Facilitadora considerou que, nos anos 1980, em nosso país, foi instituído o movimento da Saúde do Trabalhador, como prática multidisciplinar. Esse movimento valorizou a participação dos trabalhadores na gestão das questões de saúde no trabalho e da qualidade de vida, com uma expressão importante na rede pública de serviços de saúde, nos Programas e Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.
Acadêmicos explicaram, nas discussões pós o Plano de Ação, que, independente da especialidade e do vínculo de trabalho ou nível de inserção no sistema de saúde, são exigidas dos médicos, algumas competências ( conhecimentos, habilidades e atitudes ) para lidar com a saúde dos trabalhadores.
Aos profissionais que prestam assistência médica ao trabalhador, independente de sua especialidade ou local em que atuem, cabe:
• I – assistir ao trabalhador, elaborar seu prontuário médico e fazer todos os acompanhamentos devidos;
• II – fornecer atestados e pareceres para o afastamento do trabalho, sempre que necessário, considerando que o repouso, o acesso a terapias ou o afastamento de determinados agentes agressivos faz parte do tratamento;
• III – fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar encaminhamento, sempre que necessário, para benefício do usuário SUS e dentro dos preceitos éticos, quanto aos dados de diagnóstico, prognóstico e tempo previsto para o tratamento. Quando requerido pelo usuário, deve o médico pôr à sua disposição tudo o que se refira ao seu atendimento, em especial cópia dos exames e prontuário médico.
A Facilitadora considerou que existem parâmetros para o estabelecimento de nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador. É atribuição dos médicos do trabalho, que atuam em empresas e dos médicos peritos, estabelecer essa relação de causa e efeito entre trabalho e doença ocupacional.
Dessa maneira, faz-se necessário que, no curso de graduação médica, os futuros profissionais tenham adquirido competências mínimas que lhes permitam compreender as relações entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores; obter a história da exposição ambiental e/ou ocupacional de seu paciente; reconhecer sinais e sintomas das doenças relacionadas ao trabalho, aspectos da epidemiologia e as fontes de exposição dos agentes ambientais e ocupacionais mais comuns; saber utilizar as fontes de informação, os recursos clínicos e laboratoriais necessários para o diagnóstico e o estabelecimento das condutas médicas adequadas, bem como os procedimentos legais e previdenciários pertinentes.
Os estudantes avaliaram positivamente a ação de criação de ambientes saudáveis desenvolvida no território ligado à ESF, considerando-a relevante para a formação médica por despertar interesse pelas relações trabalho-saúde-doença e habilitar o acadêmico a prestar assistência mais adequada ao trabalhador.
Referências:
O ensino das relações trabalho-saúde-doença na escola médica: percepção dos alunos e proposta de aperfeiçoamento na UFMG.
Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.scielo.br/j/rbem/a/5R9zqGDGgTb6SgJXzMRbf7q/%3Flang%3Dpt&ved=2ahUKEwie_ZzN0J30AhVhqpUCHYI6CegQFnoECAcQAQ&usg=AOvVaw3Qxh4-kW2n8RtwaYf5Njyv
Acesso em 16 11 2021, às 16h 47min.
Por Alex Wander Nenartavis
Professora Mariana Vastag, parabéns pelo relato!
A legislação utiliza a expressão “acidentes de trabalho” para se referir às doenças relacionadas ao trabalho. Os estudantes de Medicina precisam incorporar conceiros relacionados ao processo “saúde-doença-trabalho” em sua formação. A campanha do “Novembro Azul” é uma excelente oportunidade para associar a “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem” à PNH e à Saúde do Trabalhador. O Plano de Ação proposto pela Facilitadora, no PAPP/FAMEPP/UNOESTE conseguiu fazer isso, por meio da Metodologia Ativa da Problematização. A incorporação da saúde do trabalhador pelo SUS reconhece, nos ambientes e processos de trabalho, as condições para os eventos agressivos à saúde “de quem trabalha”, na perspectiva epidemiológica.
Congratulações !