Acadêmicos Médicos analisam fatores de risco cardiovascular a partir da circunferência abdominal

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Estudos recentes indicam que, quanto maior a circunferência abdominal, maiores são as taxas de mortalidade. A partir desta constatação, estudantes do Curso Médico da FAMEPP (Faculdade de Medicina de Presidente Prudente) da UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista), por meio do Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP), organizaram um Plano de Ação, no território de uma ESF, localizada no Município de Álvares Machado.

A Facilitadora utilizou a Metodologia Ativa da Problematização para estimular a construção do “Plano de Ação”, com foco na “Criação de Ambientes Saudáveis” na área de abrangência da ESF, localizada no interior de SP.

Essa descoberta, que parecia um pouco óbvia, já que a cintura mais larga também é um indicativo de que a pessoa tem sobrepeso ou é obesa, foi discutida em uma Reunião de Equipe, na ESF, entre Trabalhadores da Saúde e Acadêmicos do Curso Médico, antes da elaboração do Plano de Ação. Após a realização do Plano de Ação, a docente utilizou o “Arco de Maguerez para estimular “Reflexão na Ação”.

Estudantes comentaram que não é só a obesidade ou o aumento de peso que tem impacto sobre a saúde dos usuários SUS. Os futuros profissionais de saúde organizaram uma “Roda de Conversa” com os usuários SUS, após as medidas de IMC (Índice de Massa Corpóreo) e da cintura abdominal. Explicaram aos participantes que homens e mulheres que possuíam o mesmo IMC, mas que apresentavam uma medida de circunferência abdominal diferente, apresentavam maior risco de eventos cardiovasculares danosos.

A Facilitadora considerou que o aumento da circunferência abdominal se relaciona à gordura localizada nas vísceras, ou perto dos órgãos vitais e do sistema circulatório. Essa gordura perivisceral provoca alterações no metabolismo. Em consequência, existe a potencialização e o desenvolvimento de problemas cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial. Dessa maneira, as pessoas ficam mais propensas a terem problemas, como o infarto agudo do miocárdio, por exemplo; explicou ainda que, para a medida da circunferência abdominal, a fita métrica deve ser posicionada no ponto médio entre as duas últimas costelas e a parte superior do osso ilíaco e que a fita deve ser passada na altura do umbigo e envolver todo o diâmetro do corpo naquela região, também alertou os discentes que a fita não deve estar torta e nem enrolada na hora da medição.

Estudantes explicaram para os participantes que, se a sua circunferência abdominal tiver ultrapassado o limite máximo recomendado, as suas medidas apontam para riscos cardiovasculares. A Facilitadora complementou que, para reduzir os riscos cardiovasculares, é necessário eliminar a gordura corporal.

Estudantes explicaram aos usuários SUS que é possível aumentar sua expectativa de vida e também a qualidade dos anos que ainda estão por vir. E que isso não depende de intervenções ou de tratamentos mais caros. Frisaram para os participantes da Ação de Promoção à Saúde, que a reeducação dos hábitos de vida pode manter as pessoas dentro de uma faixa de peso adequada, a partir da simples comparação entre o peso com a altura das pessoas.

Deram exemplos de que para:

A) Risco normal: basta manter o peso corporal atual.

B) Risco médio: é importante começar a buscar alternativas para emagrecer, reduzir o consumo de alimentos muito calóricos, o controle na quantidade servida e a prática de exercícios físicos são suficientes para reverter o problema.

C) Risco alto: a solução continua sendo a eliminação de gordura corporal. No entanto, o aumento do risco deve tornar a perda de peso uma prioridade para a pessoa.

A Facilitadora explicou sobre a importância de se recorrer aos profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) de Álvares Machado, nutricionista e preparador físico, para que possam fazer um planejamento alimentar adequado, além de exercícios físicos, a partir dos encaminhamentos feitos pela Equipe Interprofissional.

D) Risco altíssimo: como a própria classificação indica, a reeducação do estilo de vida é urgente. Por isso, é fundamental buscar ajuda o mais rápido possível para reduzir suas chances de desenvolver doenças graves ou crônicas que podem levar ao óbito.

Os Acadêmicos comentaram com a Facilitadora que a grande maioria dos homens que participaram do Plano de Ação não sabiam que o diâmetro abdominal ideal para o sexo masculino é igual ou menor a 90 cm e que as mulheres participantes demonstraram maior conhecimento nesse assunto, sendo que 1/4 das participantes sabiam que a medida indicada para elas é igual ou inferior a 80 cm.

A Facilitadora considerou o resultado obtido como preocupante, pois a medida da circunferência abdominal é muito importante para avaliar se a pessoa está obesa e quais são os riscos para o seu coração. Estudantes consideraram que a gordura na região do abdômen significa maior probabilidade de infartos e derrames. Após a busca em referências confiáveis, os acadêmicos consideraram que essa gordura também está associada a outros fatores de risco, como hipertensão arterial e diabetes, além do maior risco de infarto.

A Professora também explicou que as pessoas podem se medir “sozinhas”, desde que previamente capacitadas pela equipe da ESF. “O usuário SUS pode medir a distância média entre a última costela e o osso do quadril, o local fica mais ou menos próximo ao umbigo”, explicou a Professora. A docente também explicou aos estudantes que existem exames específicos para diagnosticar o diâmetro abdominal e a pessoa interessada deve procurar o médico da Unidade para fazer esse procedimento.

Acadêmicos complementaram que a gordura localizada na região da barriga é um tipo de tecido corporal que elimina enzimas que prejudicam a saúde e os órgãos do abdômen.

A Facilitadora também complementou que um IMC abaixo de 18,5 kg/m2 caracteriza desnutrição; entre 18,5 e 24,9 é a faixa do peso saudável; entre 25 e 29,9 a do excesso de peso; 30 ou mais pode ser considerado como obesidade.

Estudantes consideraram que estudos demonstram que pessoas obesas (IMC > 30) apresentam uma mortalidade mais elevada do que as de IMC dentro da normalidade (entre 18,5 e 24,9). Que em um outro extremo, quando o IMC cai abaixo de 18,5 a mortalidade volta a aumentar.

Acadêmicos consideraram que a influência de fatores como fumo, doenças pré-existentes, emagrecimento recente, podem contaminar os resultados, em relação aos parâmetros.

A Facilitadora considerou que o IMC é um parâmetro que depende de outros, pois não permite especificar se o excesso de peso está ligado ao aumento do tecido gorduroso ou à hipertrofia dos músculos. O IMC também é relativo, pois não permite diferenciar se a gordura está mais concentrada no abdômen (situação de risco mais alto), ou nos glúteos e nas coxas, localizações que são, em teoria, menos ameaçadoras. Dessa maneira, a acurácia do IMC na identificação dos usuários SUS com maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes e câncer, fica dependente de uma análise mais pormenorizada.

Estudantes consideraram que a atividade física moderada combinada com dietas com menos calorias pode provocar mudanças metabólicas que são capazes de evitar doenças como: diabetes, hipertensão arterial, ataques cardíacos e derrames cerebrais, mesmo quando a perda de peso corpóreo é inferior a 3%.

A Facilitadora considerou alguns estudos indicando que, para cada 5 cm de aumento na circunferência abdominal, percebeu-se um aumento de 7% na mortalidade masculina e de 9% na feminina. Esses dados se repetiram em todas as faixas do IMC, com exceção daquela abaixo de 20 kg/m2, nos homens. A associação foi mais acentuada entre os 20 e 59 anos de idade, mas foi documentada mesmo entre os participantes de 70 a 84 anos.

Os participantes consideraram como positiva a Ação de Promoção à Saúde desenvolvida no território ligado à ESF, no interior de SP.

 

Referências:

 

Kuschnir MCC, Block KV, Szklo M, Klein CH, Barufaldi LA, Abreu GA, et al. ERICA: prevalência de síndrome metabólica em adolescentes brasileiros. Rev Saúde Pública. 2016;50(supl 1):11s.

 

REZENDE, F.A.C.; et al. Índice de Massa Corporal e Circunferência Abdominal: Associação com Fatores de Risco Cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., v. 87, n. 6, p. 728-34, 2006.

 

OLINTO, M.T.A.; et al. Níveis de intervenção para obesidade abdominal: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública, v. 22, n. 6, p. 1207-15, 2006.