Penso bastante nos efeitos deletérios das afecções da razão. Todos nós temos algum nível de distorção da percepção. A maioria das coisas que pensamos saber, de fato, são as nossas crenças. Por isso somos diferentes uns dos outros, discordamos. É que vemos as mesmas coisas de modos diferentes, segundo a força inerente aos impulsos, em cada um de nós, e orientados por diferentes suposições ou “achismos”.
Mas como uma alteração da percepção e a intensidade de um impulso causa incapacidades, como as que observamos nas pessoas das quais cuidamos? Porque o que sentimos de modo mais “leve” é tão mais pesado para eles?
Outro fato sem explicação é que no início da vida, antes da idade da razão, e no final da vida, na idade da senilidade, achamos natural, tudo que nos parece absurdo nos adolescentes, jovens e adultos.
Já foi observado que ressonâncias magnéticas em portadores de esquizofrenia grave são semelhantes aos mesmos exames em pessoas idosas acometidas por doenças neurodegenerativas.
O certo é que não entendemos os mecanismos da razão. Tampouco, então, podemos entender a demência.
Acho que assim como passamos a conhecer as bactérias, e a lidar com elas usando antibióticos, no futuro entenderemos melhor a mente. Mas no momento, convém assumir nossa ignorância e tratar bem as pessoas mentalmente transtornadas.