Ambiência e Fluxograma descritor- A interferência nos processos de trabalho

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A arquitetura em saúde tem dado cada vez mais importância para a humanização no atendimento. O novo olhar para a estrutura física vem sendo adotado no mundo todo e deixa de ter um foco apenas em melhorias tecnológicas.

Seria necessário criar espaços coletivos para discussão e planejamento dos locais de trabalho através de rodas de conversas entre os envolvidos na rede. A discussão irá contribuir para o processo de trabalho, a inclusão de salas multifuncionais ou espaços contíguos e agrupados, em vez de apenas compartimentar usos específicos, evitando a fragmentação do trabalho e dos espaços. Na Atenção Básica, esses espaços deveriam ser pensados de maneira a integrar as equipes de trabalho que atuam em uma mesma unidade, criando áreas que, além de multifuncionais, possam ser compartilhadas pelas equipes, como, por exemplo, o acolhimento na entrada, as áreas de encontros entre trabalhadores e entre eles e os usuários. É importante criar/adaptar espaços coletivos destinados a reuniões, orientações, palestras, oficinas e outros equivalentes.

A organização do cuidado aos usuários esteve, sempre, centrada no saber e na figura do médico que na sua maioria utilizava para sua produção as tecnologias com ênfase no procedimento. Nos dias atuais estamos passando por  mudanças voltadas  ao trabalho em equipe, as decisões compartilhadas por multiprofissionais.

O cuidado é resultado de um processo de trabalho coletivo que envolve relações de trocas, comunicações e inúmeros atos associados uns aos outros e que, entre si, forma o processo produtivo da assistência. A análise da organização do cuidado é um elemento importante para produção deste e avaliação dos serviços de saúde que nos permite olhar a organização das práticas assistenciais em saúde, no cotidiano do trabalho de uma equipe, pensar projetos terapêuticos e observar as relações e ruídos existentes na rede que presta assistência aos grupos prioritários sendo capaz de levar os profissionais a refletirem sobre o que realizam e a relação que mantém com o usuário possibilitando o exercício da auto-análise.

Na grande maioria dos municípios o fluxograma segue o protocolo do Ministério da Saúde, centrado nas ações programáticas e básicas de vigilância à saúde, com oferta organizada de atendimento por microárea de atuação do ACS, continua centrado na consulta e em procedimentos com a presença de espaços relacionais, o vínculo é administrativo e mantido em função da dispensação de medicamentos, existe alguns grupos de apoios e outras ações educativas que ocorrem em sala de espera e em ambientes coletivos. O acesso aos serviços de apoio e diagnóstico, consulta especializada e de alta complexidade ainda tem suas dificuldades expressando quebra na linha do cuidado em todos os níveis de atenção. Observa- se a existência de profissionais que buscam linhas fugas subvertendo a norma e operando um tipo de cuidado acolhedor, que estabelece vínculos e se responsabiliza com o outro. A rede de conversas estabelecida entre a equipe é sumária e pontual dificultando uma atenção mais integral. A inclusão da atenção compartilhada está começando a mudar as práticas. É uma luta diária.

É de extrema necessidade a construção coletiva do fluxograma local de cuidado pois possibilitará uma visão clara sobre o curso dos fluxos e momento da produção da assistência à saúde e contribuem de forma positiva com o processo administrativo- organizacional.