Aproximação entre alunos do curso de medicina e o saber popular – vivenciando a Política Nacional de Educação Popular em Saúde em uma unidade de Saúde da Família no interior paulista.
A PNEPS-SUS reafirma o compromisso com a efetiva participação popular no SUS ao propor uma prática político-pedagógica a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, o incentivo à produção individual e coletiva de conhecimentos e a inserção destes no SUS (BRASIL, 2013).
Estudantes do segundo termo do curso de medicina da FAMEPP/UNOESTE participaram de uma atividade que foi idealizada a partir da necessidade de resgatar o conhecimento popular em relação aos cuidados com crianças, principalmente no primeiro ano de vida. Foi realizado o convite a uma usuária da ESF do Jardim Regina, em Presidente Prudente, muito conhecida no bairro por seus conhecimentos em relação ao uso de ervas e outras plantas medicinais no combate a diversos agravos à saúde.
D. Benedita compartilhou seus conhecimentos, herdados de sua mãe e sua avó, com os pais que participaram do grupo de puericultura realizado naquela unidade de saúde. Foram ensinados chás para alívio de cólica, infusão para acalmar o banho dos bebês, xarope caseiro para expectoração, além de outras preciosos ensinamentos gentilmente disponibilizados pela nossa convidada.
Para o estudante, a oportunidade de aprendizado despertou o respeito e apoio à produção de conhecimentos ligados ao cuidado, originários do saber, da cultura e das tradições populares. Esta atividade atende a um dos objetivos da PNEP, que é a promoção do diálogo e a troca entre práticas e saberes populares e técnico-científicos, permitindo a aproximação entre os sujeitos dos serviços de saúde, das práticas populares de cuidado e das instituições formadoras (BRASIL, 2013).
A valorização do saber popular significa não apenas mais uma “atividade que se realiza nos serviços de saúde, mas uma ação que reorienta as práticas executadas, contribuindo para a superação do biologicismo, do autoritarismo de doutor e pela imposição de soluções técnicas restritas” (VASCONCELOS, 2004, p. 73).
Desse modo, a atividade desenvolvida no Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP) promoveu o encontro do estudante com a realidade, permitindo a reflexão das situações vividas e a elaboração de ações que estimulassem a mudança daquela realidade, indo de acordo com o que preconizam as metodologias problematizadoras.
Referências:
BRASIL. Portaria nº 2.761, de 19 de novembro de 2013. Institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS). Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.html>. Acesso em: mai. 2018.
VASCONCELOS, EM. Educação Popular: de uma Prática Alternativa a uma Estratégia de Gestão Participativa das Políticas de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1):67- 83, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/physis/v14n1/v14n1a05.pdf. Acesso em: mai. 2018.
Autor: Vanessa Fassina, médica de Família e Comunidade no município de Presidente Prudente, cursando Mestrado Profissional em Saúde da Família pela UNIFESP/PROFSAUDE.