Atenção integral prestada por estudantes médicos a um usuário SUS com “Pé de Charcot” em ESF de SP

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O termo “diabetes mellitus” (DM) refere-se a um transtorno metabólico de etiologia heterogênea, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999).
O DM vem aumentando sua importância pela sua crescente prevalência e habitualmente está associado à dislipidemia, à hipertensão arterial e à disfunção endotelial. É um problema de saúde considerado uma “Condição Sensível à Atenção Primária”, ou seja, evidências demonstram que o bom manejo deste problema, na Atenção Primária, pode evitar hospitalizações e mortes por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares.
A análise epidemiológica, econômica e social do número crescente de pessoas que vivem com DM, no Brasil, mostra a necessidade da implantação de políticas públicas de saúde que minimizem as dificuldades dos usuários SUS e de suas famílias, propiciando melhorias na qualidade de vida das pessoas que convivem com essa “Doença Crônica Não Transmissível” (DCNT).
No Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP), os graduandos do Curso Médico da Universidade do Oeste Paulista (FAMEPP/UNOESTE) desenvolvem ações focadas na Estratégia de Saúde da Família (ESF). O grupo coordenado pela Facilitadora realizou, no dia 15 de março de 2022, uma visita domiciliar (VD), na qual o usuário do SUS, com 51 anos de idade, tinha diabetes tipo 2 e apresentava uma neuroartropatia de Charcot (NAC). Esta afecção compreende uma deformidade osteoarticular do pé neuropático, causada predominantemente pelo Diabetes. O atraso no diagnóstico e tratamento da “NAC” pode conduzir à ulceração e à amputação do pé, daí a importância de um diagnóstico e tratamento precoce. O usuário do SUS apresentava uma ferida no quarto dedo do pé direito e relatou dor local, na VD.
Aferimos a pressão do cliente que se apresentava em níveis de 120×80 mmHg. Verificamos também a sua glicemia com resultados de 109 mg/dL. Realizamos a limpeza da ferida e fizemos um novo curativo. A Facilitadora, além de orientá-lo sobre a importância de comparecer no dia seguinte à unidade, para que o médico avaliasse o seu quadro, acolheu o usuário do SUS, ouviu as suas queixas, mostrando-nos que o propósito da visita domiciliar vai além de uma ponte entre o médico da ESF e o cliente. A boa relação entre a equipe da ESF com o usuário do SUS proporciona a criação de vínculos de respeito e confiança entre ambos, colocando em prática um dos Princípios da Política Nacional de Humanização (PNH), denominado “Protagonismo do Usuário SUS”.
Com essa visita, pude perceber não só a importância de colocarmos em prática a “Linha de Cuidado à Pessoa com Diabetes Mellitus”, da Equipe Interprofissional – em relação à “DCNT” como “Condição Sensível à Atenção Primária” -, mas também a importância da nossa “Rede Regionalizada de Atenção à Saúde” (RRAS 11) e da ESF na oferta de tratamento e cuidado com pacientes acometidos por essa enfermidade.

Referência:
Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica: Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n° 36; Ministério da Saúde. Brasília – DF, 2013.